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Discoteca Básica; 'Transa', Caetano Veloso (1972)

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Discoteca Básica; 'Transa', Caetano Veloso (1972) No fim da década de 60 a música brasileira passava por um impasse. A força inovadora da bossa nova - a possibilidade de se fazer uma leitura sofisticada e universal do samba - já havia passado do auge. Os continuadores da bossa nova descambavam para a chamada "música de protesto". Na vertente oposta, a versão local do "iê-iê-iê", a jovem guarda não primava pela criatividade. A Tropicália implodiu a questão quando fez a ponte entre essas duas atitudes aparentemente inconciliáveis. A liberdade formal do tropicalismo foi um sopro de novidade. Se estendia desde a escolha dos ingredientes de sua geleia geral - de Vicente Celestino aos Beatles, passando (claro) por João Gilberto, - até roupas e capas de disco, fortemente influenciadas pelo psicodelismo.  Transa é o segundo LP do Caetano Veloso pós-tropicalista e o primeiro depois de seu exílio em Londres. Se o tropicalismo foi uma resposta pop aos tra

Desconstruindo o Pop! Playlist # 36; 'Friday Night is Alright!'

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Desconstruindo o Pop! Playlist # 36; 'Friday Night is Alright!'

Música + Cinema; 'A Festa Nunca Termina' ('24 Hour Party People') (2002)

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'A Festa Nunca Termina' ('24 Hour Party People') Inglaterra - 2002 Dirigido Por Michael Winterbotton Roteiro De Frank Cottrell Boyce Com: Steve Coogan, Lennie James e John Thomson. Duração: 117 minutos Um espécie de documentário de mentirinha da cena musical de Manchester, que mais tarde ficaria conhecida com 'MadChester' por ter sido o berço da proliferação do ecstasy e das raves, '24 Hour Party People' é uma obra prima pra quem já caiu de tanto dançar New Order numa pista de dança mofada nos anos oitenta. Desde a implosão da cena, quando metade das pessoas que assistiam a uma apresentação pífia dos Sex Pistols montou uma banda (um dos momentos mais hilários do filme), passando pelo suicídio de Ian Curtis, do Joy Division, um dia antes de embarcarem para a América, num momento extremamente bonito, até a insanidade non sense das raves e do Happy Mondays, onde tudo que era extremo e ridículo, funcionava. O filme desfi

Discoteca Básica; 'Eric Clapton', Eric Clapton (1970)

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Discoteca Básica; 'Eric Clapton', Eric Clapton (1970)   O guitarrista Eric Clapton fechou o ano de 1969 cercado de amigos que o convenciam a gravar seu próprio disco. Entre eles estava Delaney Bramlett, líder - ao lado da esposa Bonnie - do grupo mambembe descoberto por Clapton meses antes, quando Delaney & Bonnie abriram os shows da única turnê realizada pelo Blind Faith - grupo que Clapton formara com Steve Winwood (teclados) e Ginger Baker (bateria), após o fim do lendário Cream. Delaney & Bonnie tinham sido levados por Eric à Europa para uma turnê promocional. Foi naquele instante que Eric Clapton decidiu gravar seu primeiro álbum solo, ao lados do últimos companheiros e produzido por Delaney. A banda de Delaney & Bonnie - integrada por, entre outros, Bobby Keys (saxofone, Rolling Stones) e a cantora Rita Coolidge - ainda ganhou os adornos de Stephen Stills, Leon Russell e dois ex-Crickets (banda de Buddy Holly) na gravação das bases do disco.

Disco da Semana; 'October', U2 (1981)

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Disco da Semana; 'October', U2 (1981) Entender esse disco pouco ouvido do U2 é também entender um pouco mais sobre o processo pelo qual seus quatro integrante moldaram sua longeva amizade. O processo de composição se iniciou logo após o término da "Boy Tour", em fevereiro de 1981. Um primeiro single, "Fire", já havia sido gravada em um estúdio nas Bahamas em um intervalo da gira. Sorbe ela, Bono falou no livro autobiográfico 'U2 by U2', de 2006; "‘Fire’ não foi uma música muito boa. Sempre tive esperança de que a poderíamos compensar à medida que fossemos avançando, mas, por vezes, não conseguimos". Mas o grosso da lista final ainda residia no famoso 'caderno' de Bono. Fato que acabou sendo o grande responsável pela finalização capenga que o disco teve; Segundo consta a lenda, uma pasta com o caderno e outras anotações foi roubada enquanto a banda esteve em Portland com parte da perna americana da turnê e como tudo já e

Músicas Para Salvar a Sua Vida; 'Femme Fatale', The Velvet Underground (1967)

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Músicas Para Salvar a Sua Vida; 'Femme Fatale', The Velvet Underground (1967) Faixa 3 do lado A do álbum 'The Velvet Underground & Nico', Lançado em março de 1967 (Verve Records) Composta por Lou Reed e Produzida por Andy Warhol e Lou Reed A cena boêmia dos anos sessenta na América foi personificada por um homem: Andy Warhol. O artista marcou presença em inúmeros projetos, inclusive no cinema e na música. E foi na música que ele se viu envolvido com o Velvet Underground. Ele desempenhou um papel importantíssimo na formação da banda e é responsável pela icônica capa do primeiro álbum, 'The Velvet Underground & Nico'  Porém, falando sobre a 'canção para salvar a sua vida' dessa edição, precisamos mencionar Edie Sedgwick, uma das estrelas de Warhol e, como consequência, uma das musas da cena de Nova Iorque daquela época. E é sobre ela 'Femme Fatale', uma das mais belas composições do mestre Lou Reed. 'Andy me pedi

Discoteca Básica; 'Hot Buttered Soul', Isaac Hayes (1969)

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Discoteca Básica; 'Hot Buttered Soul', Isaac Hayes (1969) Com a guitarra de Steve Cropper, o baixo de Donald "Duck" Dunn, a bateria de Al Jackson e o órgão de Booker T. a envelopar as vozes de Otis Redding, Sam & Dave, Eddie Aoyd, Rufus e Carla Thomas, o selo Stax conseguiu o impossível: hoje, quando se fala em Memphis Sound, ninguém se lembra do rock´n´roll que nasceu naquela iluminada cidade do Tennessee. Som de Memphis, todo mundo sabe, é o soul clássico que todos os commitments da vida perseguem até hoje. No fim dos anos 60, no entanto, a coisa esta feia para o pessoal do Stax. Depois de perder Otis Redding e quatro dos Bar-Kays num acidente de avião, o selo foi vendido. Para dar a volta por cima, em 1969, a nova direção decidiu lançar 27 álbuns ao mesmo tempo. Entre eles, estava um do qual ninguém esperava nada: Hot Buttered Soul, de Isaac Hayes. Afinal, o disco tinha apenas quatro faixas, todas longuíssimas, fora do padrão pop: "

Desconstruindo o Pop! Playlist # 35; 'Only You Around of Thousand Miles of Nothing'

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Desconstruindo o Pop! Playlist # 35; 'In the Arms of Sleep'

As Favoritas de... Black Francis (Pixies)

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As Favoritas... Black Francis (Pixies) Black Francis é o gênio por trás dos Pixies e, por consequência, de dois dos maiores álbuns de todos os tempos; 'Surfer Rosa' (1988) e 'Doolittle' (1989). Nessa lista, originalmente publicada na página 'Soundtracks of my life', do jornal britânico The Guardian, ele slecionou e comentou a respeito de sete álbuns que o influenciaram e, a partir daí, selecionamos uma canção de cada disco. E para completar a playlist, separamos algumas faixas originais que os Pixies fizeram versões, finalizando uma playlist com dezoito canções que vem direto da estratosfera do bons sons, principalmente, da década de setenta. Confira. Tracklist; 01. 'Goodbye Yello Brick Road', Elton John 02. 'A Song For You', Leon Russell 03. 'We Used To Know', Jethro Tull 04. 'Pump It Up', Elvis Costello & The Attractions 05. 'Fire and Brimstone', Link Wray 06. 'Isabel', Baxter Dury

Discoteca Básica; 'Machine Head', Deep Purple (1972)

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Discoteca Básica; 'Machine Head', Deep Purple (1972) O heavy metal nasceu no início dos anos 70 a partir de três bandas fundamentais: Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Enquanto o Zep sempre teve mais prestígio e o Sabbath, mais fãs, o Deep Purple levou algum tempo para construir sua reputação. Um dos motivos, seguramente, foi a falta de definição quanto aos rumos musicais que o grupo deveria tomar. Depois de dois anos sob a batuta intelectual de Jon Lord (teclados), gastos na realização de experimentos com jazz e música clássica (que culminaram no famigerado Concert For Group And Orchestra, de 70), o Purple mudou totalmente de direção. Com a entrada de Ian Gillan (vocais) e Roger Glover (baixo), aliados a Ritchie Blackmore (guitarras) e Ian Paice (bateria), a banda passou a fazer um som monolítico, pesado e agressivo, que renderia Machine Head, o ápice da carreira do Deep Purple, um disco perfeito. Poucas vezes na história do rock egos tão monstruo

Música para Sentir; 'Breathe', U2 (2009)

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Música para Sentir; 'Breathe', U2 (2009) Abra a porta. Eu quero ficar vivo por um pouco mais de tempo... E essa é somente uma das coisas que eu gostaria de dizer. Todos os dias... Todos os segundos... Quando eu nasci de novo. Eu olhei pra dentro pra ter coragem de seguir em frente. Abrir os braços e não temer nada... Porque nada me faz infeliz. Eu quero estar aonde estou... Eu sou eletricidade. Eu sou a falta de medo. Um barulho que mora do outro lado do silêncio. E que todos vão negar que existe. As pessoas em mim. Nada que ela tem me fazem mudar. Eu respiro... Eu respiro... Respiro até me perder dentro do som. O som da sua voz... Me guiando pra fora. Tudo está nos seus olhos... Uma rua escura e um coração que nunca dorme. E é tudo que eu preciso agora. Não temer você... Grite alto de novo. Eu ouvirei...