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Discoteca Básica: 'Tres Hombres', ZZ Top (1973)

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Discoteca Básica: 'Tres Hombres', ZZ Top (1973) Cruzando influências diversas - blues, rock básico, psicodelia -, o ZZ Top (Billy F. Gibbons nos vocais e guitarra, Joe "Dusty" Hill no baixo e Frank Beard na bateria) gravou seus dois primeiros trabalhos em 1970 e 1972. Mas o trio iria encontrar o apogeu no álbum seguinte, Tres Hombres (1973). Gravado em Memphis, Tennessee, o disco tem uma sonoridade única, rústica por excelência. Produzido por Bill Ham, o álbum esbanjava energia desde o frenético boogie rock da faixa de abertura ("Waitin' For The Bus") até o encerramento ("Have You Heard?" , uma perfeita escola de blues). Entre elas, climas diversos como a sensacional balada "Hot, Blues And Righteous", "Jesus Just Left Chicago" (quando o filho de Deus, incomodado pela cidade, vai parar em Nova Orleans), "Move Me On Down The Line" (algo como se os Sex Pistols tivessem nascido no Texas) e "Shiek" (com sua

Discoteca Básica: "Modern Sounds in Country and Western Music", Ray Charles (1962)

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Discoteca Básica: "Modern Sounds in Country and Western Music", Ray Charles (1962) Quando Ray Charles resolveu cantar country music, foi desaconselhado por Sam Clark, presidente da gravadora ABC. "Você faz muito sucesso. Se gravar country vai perder parte do seu público." Mas Ray decidiu levar a idéia adiante. "Se isso acontecesse", disse ele, anos depois, "por outro lado ganharia novos fãs". E o homem fez o tal álbum. Modern Sounds In Country And Western Music, lançado em 1962, foi o primeiro disco country a alcançar o topo da parada pop nos EUA mantendo-se ali por 14 semanas consecutivas. A concepção era bem simples: clássicos country adequados à estética do rhythm & blues de Ray Charles, com arranjos (dos maestros Gerald Wilson, Marty Paich e Gil Fuller) baseados em cordas, naipe de sopros e nos vocais das Raelettes, grupo que acompanhava o cantor. E tudo isso emoldurado pela voz iluminada de Ray, então no seu auge. O resultado é um dos ma

Discoteca Básica: "Among the Living", Anthrax (1987)

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Discoteca Básica: "Among the Living", Anthrax (1987) Depois da MTV e do Álbum Preto de 1991, ficou fácil apontar o Metallica como inventor e propagador do thrash metal no planeta. Mas quem viveu a época em que o estilo nascia, de bandas como Testament, Exodus e Overkill, sabe que o (então) quinteto nova-iorquino Anthrax tem grande parte da responsabilidade na invenção do estilo. O grupo liderado pelo guitarrista Scott lan e pelo baterista Charlie Benante sempre foi mais pé-no-chão, e sua originalidade e importância vêm em grande parte daí. Scott, Charlie e os companheiros Joe Belladonna (voz), Frank Bello (baixo) e Dan Spitz (guitarra) descobriram cedo que metal pode ser feito com bom humor, pode criticar diretamente os problemas do mundo, pode ser divertido e sacana. Aliando esses temas à guitarrada "serra elétrica" de Scott e Spitz, além da bateria virtuosa de Charlie e dos vocais ligeiramente mais pop de Joe (fã de Journey), o grupo criou um despretensioso clássi

Discoteca Básica: "Odessey & Oracle", The Zombies (1969)

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Discoteca Básica: "Odessey & Oracle", The Zombies (1969) O lisérgico ano de 1967 foi dos mais inspirados na história do rock. Younger Than Yesterday(dos Byrds), Sgt. Pepper's (dos Beatles), Forever Changes (do Love), entre outros álbuns clássicos, são dessa safra. A obra-prima de um grupo menos badalado, porém muito peculiar e influente, The Zombies, também data desse mesmo período dourado. Pop e acessível, Odessey And Oracle é mais um na lista dos discos à frente de seu tempo e de difícil classificação até hoje. Seria protoprogressivo, pop barroco ou merseybeat (a batida dos Beatles) psicodélico? Tudo isso e mais um pouco tinha começado a ser engendrado cinco anos antes em St. Albans, Inglaterra, pelo tecladista Rod Argent, o guitarrista Paul Atkinson, o baixista Paul Arnold (logo substituído por Chris White), o baterista Hugh Grundy e por Colin Blunstone, que quase foi recusado como vocalista por estar com o rosto repleto de hematomas no primeiro ensaio. Apesar de p

Discoteca Básica: "The Very Best of Solomon Burke", Solomon Burke (Compilação, 1998)

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Discoteca Básica: "The Very Best of Solomon Burke", Solomon Burke (Compilação, 1998) Não existe, na história da música pop, biografia mais curiosa. Pregador (desde os 7 anos de idade) e líder de uma igreja, The House of God for All People; agente funerário e proprietário de uma rede de farmácias, restaurantes e serviços de limusines. Pai de 21 filhos, avô de catorze netos e um dos principais cantores e pioneiros da soul music, menos conhecido que Ray Charles e Sam Cooke, mas de igual importância para a definição do gênero. Essa breve descrição está longe de traçar o retrato completo de Solomon Burke. O melhor livro escrito sobre o pop negro americano - Sweet Soul Music, de Peter Guralnick - gasta dezenas de páginas só com as inacréditáveis histórias vividas pelo Bispo, como o chamam colegas e fãs. Burke começou a gravar, ainda adolescente, em 1954, mas abandonou a música dois anos depois, desiludido. Passou um tempo na vagabundagem, mas voltou a estudar e iniciou uma bem-suce

Discoteca Básica: 'Violent Femmes', Violent Femmes (1983)

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Discoteca Básica: 'Violent Femmes', Violent Femmes (1983) Gordon Gano (voz/guitarra/violão), Brian Ritchie (baixo elétrico, acústico e vocais) e Victor DeLorenzo (bateria/ vocais) se inscrevem na tradição dos grandes power trios do rock. Começaram a tocar juntos em botecos de sua cidade natal, Milwaukee, nos cafundós de Wisconsin. Testemunha de um destes shows - todos acústicos -, James Honeyman-Scott, guitarrista dos Pretenders (morto em 1982) se surpreendeu com o som de Gano & Cia., convidando-os para abrir os concertos da turnê americana da banda de Chrissie Hynde. Foi o bastante para que os Violent Femmes se projetassem: assinaram com o selo independente Slash em 1982 e, um ano depois, lançavam este álbum de estréia, produzido por Mark Van Hecke. Rústico, cru, mas sempre com frases inspiradas de guitarra/violão, o som da banda se escorava numa cozinha pesada em que interagiam o baixo frontal de Ritchie e as batidas eficientes de DeLorenzo. A mistura de folk tradicional

Discoteca Básica: 'Reign In Blood', Slayer (1986)

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Discoteca Básica: 'Reign In Blood', Slayer (1986)  Seja bem-vindo ao mundo dos pesadelos patrocinados pelo quarteto californiano Slayer, povoado por anjos da morte, assassinos sádicos, sacrifícios e chuvas de sangue. Os temas, hoje banalizados e esgotados, causaram furor na época em que todos queriam levar o heavy metal ao extremo no binômio velocidade/ agressividade. Reign ln Blood, lançado em 1986, traz o Slayer na sua melhor forma com os diabólicos guitarristas Kerry King e Jeff Hanneman, o chileno Tom Araya no baixo e vocal e o tremendo baterista cubano Dave Lombardo (hoje no grupo thrash Grip Inc. e no Fantômas, do ex-cantor do Faith No More Mike Patton), impecável na técnica e rapidez. Lombardo comentou certa vez sobre a predileção de todos por hardcore - não o de Green Day ou Rancid, que receberam essa nomenclatura recentemente, mas o punk rock seco e cru dos anos 70 e 80, de gente como o Circle Jerks e o GBH - o que foi confirmado anos depois com o álbum de covers Undis

Discoteca Básica; 'Dirty Mind', Prince (1980)

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Discoteca Básica; 'Dirty Mind', Prince (1980) Ele entra na década com um salto, um bote. O que diferencia este seu terceiro LP, dos dois anteriores? Está na capa, está no título: a definição de uma identidade - ou imagem ? - e, como friza seu biógrafo Dave Hill, uma atitude. Um ex-menino prodígio enxuga todos os possíveis excessos cabíveis em um multi-instrumentista que é arranjador de sete fôlegos e infinitas filigranas, vocalista de todas as máscaras, gritos e sussurros e seu próprio produtor. Se há algo que incomoda em "Dirty Mind" - e até compromete em "Purple Rain" - é a impressão de se ouvir alguém que pode fazer, em música, tudo o que quiser sem o menor esforço para ser o mais contemporâneo, o mais simples e direto - mais pop, enfim - possível. Tudo isso é verdade, mas se limita ao primeiro lado do disco. A abertura com a faixa -título não deixa dúvidas. Tudo que era difuso no Prince anterior ganha contornos nítidos e, pela primeira vez, a

Discoteca Básica; 'Nevermind the Bollocks, Here's the...', Sex Pistols (1977)

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Discoteca Básica; 'Nevermind the Bollocks, Here's the...', Sex Pistols (1977) Esqueça os escrotos, aqui estão os Sex Pistols" (tradução aproximada) lembra aquele breve período quando o rock, a moçada britânica - e mesmo a sociedade britânica - foram forçados a cair na real. É um documento histórico, já era no dia de seu lançamento. A trilha sonora de um golpe cultural planejado com impressionante atenção a detalhes de promoção e "imagem pública" (a cargo de Malcolm McLaren).  O som representa uma caricatura do rock. Assim como o caricaturista exagera os traços dominantes de um rosto, os Sex Pistols eliminaram todos os detalhes supérfluos de um gênero musical já pôr demais conhecido, projetando o que restara com uma ferocidade deslumbrante.  Um som cru e simples. A bateria (de Paul Cook) nada mais do que adequada; o baixo sólido, presente mas sem nenhum destaque (no disco é Steve Jones quem toca). O timbre da guitarra é sujo e até indistinto, com

Discoteca Básica; 'Terra', Sá, Rodrix & Guarabira (1973)

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Discoteca Básica; 'Terra', Sá, Rodrix & Guarabira (1973) Antes de começarem a trabalhar juntos, os cariocas Zé Rodrix e Luiz Carlos Sá e o baiano Gutemberg Guarabyra viveram experiências musicais distintas. Rodrix vinha do Som Imaginário, grupo que no final dos anos 60/início dos 70 fundia a música de Minas Gerais com elementos do então nascente rock progressivo. Guarabyra havia vencido o li Festival Internacional da Canção em 1967 com a marcha-rancho "Margarida". Sá trabalhava como compositor, tendo músicas gravadas por Pery Ribeiro e Nara Leão.  O trio Sá, Rodrix & Guarabyra nasceu em 1972, com um estilo batizado de 'rock rural'. O som tinha o progressivo aliado a fortes influências de Beatles, música mineira, folclore baiano, country e folk. O primeiro disco, Passado, Presente, Futuro, deixava isso claro em canções como "Zeppelin", "Jurity Butterfly" e "Hoje É Dia De Rock". Mas o gênero se definiu mesmo em

Discoteca Básica; 'Presenting The Fabulous Ronettes Featuring Veronica', The Ronettes (1964)

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Discoteca Básica; 'Presenting The Fabulous Ronettes Featuring Veronica', The Ronettes  (1964) Fundada em meados de 1961, pelo produtor Phil Spector e seus sócios Helen Noga e Lester Sill, a gravadora Philles Records revolucionou o pop. A sede do selo ficava em Nova York, mas o centro de produção era Los Angeles. Ali, na câmara de eco do estúdio Gold Star, Phil Spector inventou o som que virou sua marca: uma massa sonora wagneriana com guitarras, metais e teclados em camadas, percussões em cascatas, cordas derramadas em arranjos épicos, vocalizações sobrepostas em tramas sofisticadas, tudo mixado com muito eco - o imitado e jamais igualado wall of sound (parede de som).  As Ronettes chegaram à Philles no início de 1963. O grupo havia sido formado em 1959 por duas irmãs, Ronnie (diminutivo de Veronica) e Estelle Bennett, e uma prima, Nedra Talley; elas estrearam profissionalmente como dançarinas de twist em 1961. No final desse mesmo ano, assinaram com o selo Colpix, p

Discoteca Básica; 'The Velvet Underground & Nico', The Velvet Underground (1967)

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  Discoteca Básica; 'The Velvet Underground & Nico', The Velvet Underground (1967) Dizem que 1967 foi o ano em que "tudo aconteceu" - tudo sendo a linha divisória do psicodelismo, decretando o fim da música pop como reduto das fantasias ingênuas e adolescentes. No vinil, a marca incicatrizável é composta pelo "tripé básico" - "Sgt. Pepper's", dos Beatles, o primeiro dos Doors e o primeiro do Velvet Underground. Os Beatles, fundindo contrapontos bachianos com filosofia oriental, não estavam (muito) distantes dos contrapontos jazzísticos com tragédia grega dos Doors. Em ambos está a aspiração a fazer Arte a partir do velho rock'n'roll. Já o "subterrâneo de veludo" (nome tirado de um barato livrinho pornô) trazia a metamorfose mais radical. Em miúdos: agressividade gratuita convivendo com o mais acre-doce lirismo, e o mais preto-branco realismo urbano. O que era LSD para John Lennon e Jim Morrison, era a he

Discoteca Básica; 'Tapestry', Carole King (1971)

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Discoteca Básica; 'Tapestry', Carole King (1971) Num ano - 1971 - em que os Rolling Stones lançaram Sticky Fingers e o Led Zeppelin botou na rua o IV (Four Symbols), quem dominou a parada americana foi Carole King. Inteiramente composto e interpretado por King, Tapestry foi o campeão absoluto em vendas e execuções nas rádios naquele ano, tornando-se o disco mais vendido da história até então, superando inclusive os Beatles, que haviam implodido no ano anterior. Dentre as faixas mais famosas, destaca-se "You´ve Got A Friend", o perfeito hino à amizade que, dizia-se, teria sido inspirado em James Taylor, grande amigo e incentivador da carreira de Carole King. Anos mais tarde, ela explicou que não pensava em James quando se sentou ao piano para compor. Ela jura que a canção "veio de algum lugar, como acontecia freqüentemente". Místico, não?  Desde os 18 anos Carole King escrevia músicas para outros artistas cantarem, no esquema que ficou conheci

Discoteca Básica; 'Tago Mago', Can (1971)

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Discoteca Básica; 'Tago Mago', Can (1971) Em seus dez anos de carreira, no período 1968/78 (reiniciada em 1989 com o álbum "Rite Time"), o grupo alemão Can sempre operou no plano da sutileza e do fervor instrumental, fazendo uma música hipnótica, com uma impressionante mistura de ritmos e timbres acústicos alterados, tratados eletronicamente. Editando tapes, fabricando loops (anéis de fita) e incorporando ruídos e interferências espontâneas, o grupo fez a ponte entre a música erudita contemporânea (Stockhausen "über alles") e o rock. O Can foi fundo nas "colagens", daí sua forte influência detectada nos anos 80, a década do sampler, em que a habilidade de "compor"se traduz na de combinar "colar" sons. Se, com a tecnologia atual, é possível processar sons a partir de tudo (um "bumbo de John Bonham", um "riff de Hendrix", um "uh! de James Brown"), o Can tecia sua intrincada t