Discoteca Básica; 'Songs the Lord Taught Us', The Cramps (1980)
Discoteca Básica; 'Songs the Lord Taught Us', The Cramps (1980)
Rockabilly, psicodelia dos grupos de garagem dos anos 60 e microfonia, temperado pelo que a cultura pop já produziu de mais podre: este é o universo de Lux Interior e Poison Ivy, do Cramps.
Os dois se conheceram na Califórnia em 1972, adoravam rock primitivo, pessoas estranhas e alucinógenos. Casaram-se e se mudaram para Nova York, dispostos a montar uma banda. Ali conheceram Bryan Gregory, louco de pedra, fanático por misticismo e vodu - que mal sabia tocar guitarra. Depois, recrutaram o baterista Nick Knox. Estava formada a gangue.
Os Cramps batizaram seu som de psychobilly - rockabilly psicodélico - e fizeram fama. Na Inglaterra, Stephen Morrissey (mais tarde, vocalista dos Smiths) fundou o primeiro fã-clube do grupo. Nos EUA, atraíram a atenção de Alex Chilton, líder do lendário grupo pop Big Star, que produziu Songs The Lord Taught Us por um cachê de fome. Chilton exigiu que a maioria das faixas fossem gravadas ao vivo no estúdio. Lux tratou as gravações como show: se jogava no chão, destruía cadeiras e pulava sobre os amplificadores.
Os Cramps batizaram seu som de psychobilly - rockabilly psicodélico - e fizeram fama. Na Inglaterra, Stephen Morrissey (mais tarde, vocalista dos Smiths) fundou o primeiro fã-clube do grupo. Nos EUA, atraíram a atenção de Alex Chilton, líder do lendário grupo pop Big Star, que produziu Songs The Lord Taught Us por um cachê de fome. Chilton exigiu que a maioria das faixas fossem gravadas ao vivo no estúdio. Lux tratou as gravações como show: se jogava no chão, destruía cadeiras e pulava sobre os amplificadores.
Songs... abre com a clássica "TV Set", com sua batida marcial de bateria e um riff maravilhosamente imundo. "Sunglasses After Dark" tem aquela microfonia linda e um solinho new wave que só os Cramps teriam a cara-de-pau de fazer. "What’s Behind The Mask" tem uma letra hilariante ("Por que você não tira essa máscara?/ É problema de pele/ Ou um olho a mais?"). "Garbageman" é obra-prima. "Zombie Dance" goza da platéia mo-dernosa de Nova York, que ficava parada vendo a banda se matar no palco; "The Mad Daddy" é uma homenagem a Pete "Mad Daddy" Myers, um DJ de Ohio que Lux idolatrava; e "Mystery Plane" resumia a filosofia da banda na frase "Eu não consigo me identificar com este mundo, então nem tento." Incluindo covers dos Sonics, grupo de garagem dos anos 60 ("Strychnine"), do pioneiro do rockabilly Johnny Burnette ("Tear It Up") e "Fever" (a mesma gravada por Madonna), de Little Willie John, o disco não envelhece.
Os Cramps não abraçaram o passado do rock’n’roll por oportunismo, eles vivem no passado. Para Lux e Ivy, o mundo acabou em 1965. Sua missão é mostrar como ele era mais divertido e irresponsável.
André Barscinsky (Revista Bizz, edição 159, Outubro de 1998)
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