Eu Estava Lá... Massive Attack (Via Funchal, 24/05/2004)



Eu Estava Lá... Massive Attack (Via Funchal, 24/05/2004)

Em sua segunda passagem pelo Brasil, os britânicos do Massive Attack deram uma demostração de frieza e clima como poucas vezes os palcos brasileiros tiveram a oportunidade de assistir.

Ainda no auge, a banda deu uma canseira no público que ocupava cerca de sessenta por cento do Via Funchal; A prometida 'festa black' de abertura, com o Dj Nutz e Pedrinho Dubstrong, se estendeu por mais de duas horas, deixando os presentes impacientes pela banda. Vejam bem, a abertura da casa seria as 19:30, com show marcado para as 21:30. Cheguei ao local 21:50, esperando que a atração de abertura duraria das 21:40 até 22:20 mais ou menos. Bom, pensei que até no máximo 22:40 o show teria início. Bem... 0030, três horas depois do marcado, o Massive Attack entrou no palco.

O que teria sido uma noite bem bacana, acabou se tornando uma noite extremamente cansativa. A discotecagem foi muito boa, bem variada, mas duas horas num clima de espera foi um pouco demais. Ninguém mais dançava e até um copo foi jogado nos djs, numa atitude pra lá de ridícula em se tratando de um público que nitidamente não estava assistindo á um show de música alternativa pela primeira vez.

Já a banda atravessa uma fase se transição. Encheu o set de hits e muitos ainda ficaram de fora. Montada com quatro músicos e 3 vocalistas, 3D e Daddy G., os mentores do projeto, desfilam um ar monocórdico do início ao fim do espetáculo. Só nos momentos 'negros' é que o sol aparece. E esse sol atende pelo nome de Horace Andy, veterano rasta que acompanha a banda á vários anos. Nos seus números, onde o reggae e o dub predominam, o ambiente se transmutava e até a iluminação, sempre fria nas outras músicas, ganhava cores, mostrando bem as variantes do som.

Se existiu um ponto fraco, foi a Dot Alisson, a loirinha que interpretou as novas canções e tentou cantar 'Teardrop', clássico que no original é cantada pela voz indefectível de Liz Phraser, ex-vocalista do Cocteau Twins. A música ficou com ares de cover, infelizmente. Já nas novas canções, a moça deu ares de que esta bem embrenhada na nova formação, já que além de cantar empunhou uma guitarra e sentou a mão. O som da banda está seguindo para um outro caminho, mais dark e com menos possibilidades de uma 'Safe From Harm', ou uma 'Karmacoma' virem a luz do dia de novo.

Nos seus quatro discos de estúdio, a banda nunca se repete. E isso fica evidente no show. Mesmo dando prioridade ao material de 'Mezzanine', talvez o seu mais respeitado disco, e só com duas de 'Blue Lines', lançado no longínquo ano de 1991, que enraizou as bases do que viria a ser o trip hop durante a década de noventa, nunca o show fica repetitivo. Escuridão, chuvinha paulista e viagem sonora paranoica. Combinação perfeita no final das contas.

Faltou 'Sly', 'Protection', 'Man Next door', 'Eurochild', 'Dissolved girl', 'Better things', 'Butterfly Caught', 'I Against I'... Mas 'Unfinished sympathy' valeu a dor nas pernas...

Márcio Guariba

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