Discoteca Básica; 'Exile on Main St.', The Rolling Stones (1972)
Naquele tempo eles já carregavam o título de "A Maior Banda de
rock'n'roll do Mundo" como um peso-pesado que exibe seu cinto de
campeão. Não havia mais Beatles, não havia mais Jim Morrison, não havia
mais Hendrix. A única competição real era o rock operático do Who e o
então ascendente Led Zeppelin. E, mesmo assim, ao vivo, os Stones eram
imbatíveis - Jagger piruetando pelo palco, comandando um rugido-rock que
era afiado e perigoso como o fio de uma navalha. Em disco, passavam por
seu melhor período, parindo clássico após clássico - de "Brown Sugar" a
"Street Fighting Man", de "Let It Bleed" a "Simpathy for the Devil".
Embora o Sr. M. tivesse levado Brian Jones - que, enamorado demais pelas
possibilidades "místicas" das drogas, já se mostrava incapaz de
produzir um décimo de seu input habitual na banda -, os Stones da virada
dos anos 60 para 70 progrediam, artística e popularmente, como uma bola
de neve. Agora, sob o comando de Mick Jagger e Keith Richards, mais do
que nunca os Stones mereciam o título de "A Maior".
Com a entrada do lírico Mick Taylor no lugar de Jones, os Stones
saíam de uma trilogia de álbuns absolutamente brilhantes - "Beggar's
Banquet" (ainda com Brian), "Let It Bleed" e "Stick Fingers" -, mas
enfrentavam um novo/velho problema: drogas. Desta vez era Keith quem
flertava com a morte, via heroína. Escondera-se numa villa no sul da
França, Nellcote, para poder injetar um pouco de sanidade em sua vida.
Mas sanidade era difícil de achar numa atmosfera rock e, ao invés dela,
Keith acabou encontrando mais rock, e mais heroína.
Como Keith não saísse de Nellcote para coisa alguma, os Stones
mudaram-se para lá para poder gravar seu novo disco, cujo título
balançava entre "Eat It" e "Jungle Disease". Chamaram o saxofonista
Bobby Keyes, o trompetista Jim Price e os tecladistas Nicky Hopkins,
Billy Preston e Dr. John. Ficaram trancados em Nellcote de julho a
novembro de 1971. Quando saíram de lá para Hollywood, onde
complementaram e mixaram o disco, os Stones traziam nos braços material
para preencher três álbuns.
Acabaram optando por um álbum duplo e por um terceiro título -
"Exile on Main Street" - e ofereceram ao mundo o disco mais denso, mais
pessoal, mais intrigante e mais controverso de toda a carreira dos
Stones.
Quem ouviu "Exile" em 72 amou ou odiou o disco imediatamente. A
maioria odiou, reclamou de "falta de foco", "mixagem lamacenta" e
"encheção de lingüiça". Erraram e acertaram. Primeiro, porque tudo isso
era intencional - a massa sonora de "Exile" só podia ser penetrada a
facão. Os vocais de Jagger foram enterrados mais do que o costume. Os
agudos foram saturados. E, segundo, porque a maioria das músicas era uma
sucessão de Polaroids rock - images de decadência, dor, perigo,
desilusão. E de sobrevivência.
Acima de tudo, "Exile" era um portrait dos Stones no topo de sua
forma - faixas como "Tumbling Dice", "Rocks Off", "Soul Survivor" e "Rip
This Joint" eram o testemunho de que, quando os Stones resolviam se
reunir num estúdio para fazer rock'n'roll, faziam "O Melhor Rock Õn
ÕRoll". Jagger explodia suas tripas em vocais insuperáveis até mesmo por
ele. Richards e Taylor trocavam riffs como guerrilheiros na selva. Bill
Wyman e Charlie Watts sedimentavam uma construção crazy com uma
argamassa indestrutível.
Após "Exile" tornou-se impossível reunir todos os Stones num mesmo
estúdio, ao mesmo tempo. E os álbuns subseqüentes retratavam este
insidioso fracionamento. Depois de "Exile", salvo faixas excepcionais,
como "Start Me Up" e "Undercover", os Stones eram um arremedo dos
Stones. E Exile era seu melhor testamento. E o derradeiro epitáfio.
José Emilio Rondeau (Revista Bizz 4 - Novembro de 1985)
"Exile On Main St." é o décimo álbum de estúdio dos Stones e foi lançado dia 12 e maio de 1972. Inicialmente, recebeu uma recepção morna dos críticos da época. Só depois de alguns anos, foi reavaliado e compreendido. Figurinha fácil em qualquer lista de melhores discos de todos os tempos. Uma edição especial foi lançada em 2010 com um disco bônus incluindo faixas inéditas. É essa versão que disponibilizaremos para audição abaixo.
José Emilio Rondeau (Revista Bizz 4 - Novembro de 1985)
"Exile On Main St." é o décimo álbum de estúdio dos Stones e foi lançado dia 12 e maio de 1972. Inicialmente, recebeu uma recepção morna dos críticos da época. Só depois de alguns anos, foi reavaliado e compreendido. Figurinha fácil em qualquer lista de melhores discos de todos os tempos. Uma edição especial foi lançada em 2010 com um disco bônus incluindo faixas inéditas. É essa versão que disponibilizaremos para audição abaixo.
Tracklist:
Disco 1
Lado A
1 - "Rocks Off" (4:31)
2 - "Rip This Joint" (2:22)
3 - "Shake Your Hips" (Slim Harpo) (2:59)
4 - "Casino Boogie" (3:33)
5 - "Tumbling Dice" (3:45)
Lado B
6 - "Sweet Virginia" (4:27)
7 - "Torn and Frayed" (4:17)
8 - "Sweet Black Angel" (2:54)
9 - "Loving Cup" (4:25)
Disco 2
Lado A
10 - "Happy" (3:04)
11 - "Turd on the Run" (2:36)
12 - "Ventilator Blues" (Jagger/Richards/Mick Taylor) (3:24)
13 - "I Just Want to See His Face" (2:52)
14 - "Let It Loose" (5:16)
Lado B
15 - "All Down the Line" (3:49)
16 - "Stop Breaking Down" (Robert Johnson) (4:34)
17 - "Shine a Light" (4:14)
18 - "Soul Survivor" (3:49)
Mais informações
pt.wikipedia.org/wiki/The_Rolling_Stones
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