Disco da Semana; 'Strange Mercy', St. Vincent (2011)
Por mais que a gente não pense no assunto - ou não goste de admitir - o fato é que a imagem de um artista influi na nossa opinião sobre a música que ouvimos. Será que a música de Adele teria o mesmo impacto se fosse cantada por uma loira tipo a Duffy? Alguém ouve The Downward Spiral do Nine Inch Nails e não pensa naquela alma torturada que era o Trent Reznor nos anos 90, de cabelo comprido e usando meia arrastão nos clipes? E a gravadora da Madonna que, com medo de perder os ouvintes negros, não queria uma foto dela estampada na capa do disco de estréia?
Escrevo tudo isso porque Annie Clark - ou St. Vincent, para os íntimos - faz música que não combina nada com a sua imagem. Lá está Annie, delicada, frágil, pele de porcelana, parecendo uma professora de educação artística. E quando ouvimos a música que ela faz, pimba! É música nervosa. Não nervosa no sentido de "furiosa", mas nervosa daquele jeito que se fica quando ficar sentado cansa e não se pode levantar da cadeira. Ou quando o ônibus não passa quando a gente precisa que ele venha logo. Strange Mercy, seu disco mais recente, é cheio de guitarras barulhentas e distorcidas, mas utilizadas de um jeito que desafia as convenções de "barulhentas" e "distorcidas".
Basta pegar "Chloe in the afternoon", a faixa de abertura: Com menos de 30 segundos uma guitarrinha suja se junta à voz doce de Annie, acabando com a impressão de que este vai ser um disco convencional. Faixas como a delicada "Landmines", do disco de estréia Marry Me, ficaram pra trás. A cantora também deixa um pouco de lado os excessos do segundo disco, Actor, e refina um pouco mais seu estilo. Em pleno 2011, é arriscado dizer que um artista faz um som "único". Mas com certeza dá pra afirmar que Annie Clark se esforça - e se sai muito bem.
Basta pegar "Chloe in the afternoon", a faixa de abertura: Com menos de 30 segundos uma guitarrinha suja se junta à voz doce de Annie, acabando com a impressão de que este vai ser um disco convencional. Faixas como a delicada "Landmines", do disco de estréia Marry Me, ficaram pra trás. A cantora também deixa um pouco de lado os excessos do segundo disco, Actor, e refina um pouco mais seu estilo. Em pleno 2011, é arriscado dizer que um artista faz um som "único". Mas com certeza dá pra afirmar que Annie Clark se esforça - e se sai muito bem.
Strange Mercy poderia ser um ótimo disco pop, mas é inusitado demais para ser considerado pop. "Cruel", o primeiro single, dá pra ser tocada tranquilamente nas festas indie rock. Mas o diferencial de Annie é justamente como ela enxerga inúmeras possibilidades dentro de uma música. Ela consegue encaixar elementos que a princípio soam deslocados, mas acabam criando canções excelentes como "Surgeon" e seu refrão pegajoso. Daí você olha pra quela carinha doce da cantora e fica ainda mais admirado de como é difícil defini-la. Ainda bem.
(Márcio Guariba - Um Temperamental Vive Aqui!)
Curiosidade; Antes de se lançar em carreira solo, Annie tocou com a banda The Polyphonic Spree e na turnê do músico americano Sufjan Stevens.
(Márcio Guariba - Um Temperamental Vive Aqui!)
Curiosidade; Antes de se lançar em carreira solo, Annie tocou com a banda The Polyphonic Spree e na turnê do músico americano Sufjan Stevens.
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