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Disco da Semana; 'Born In the Echoes', The Chemical Brothers (2015)

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Disco da Semana; 'Born In the Echoes', The Chemical Brothers (2015) É admirável que mesmo 20 anos após o lançamento de Exit Planet Dust (1995), primeiro álbum de estúdio do duo The Chemical Brothers, Tom Rowlands e o parceiro Ed Simons ainda sejam capazes de manter a mesma proposta que apresentou o projeto: fazer o público dançar. Oitavo disco de inéditas da dupla original de Manchester, Inglaterra, Born in the Echoes (2015, Virgin / EMI), não apenas preserva a essência dançante das antigas composições, como expande ainda mais a fluidez enérgica das melodias e batidas. Com 52 minutos de batidas firmes e bases psicodélicas, Born In The Echoes é uma obra que prende o ouvinte sem dificuldades. Do momento em que tem início Sometimes I Feel So Deserted, hipnótica faixa de abertura, Rowlands e Simons criam um verdadeiro cercado de temas e arranjos sedutores, prendendo o espectador com naturalidade até a derradeira e “compacta” Wide Open. A mesma coerência ressaltada no antece

Música Para Sentir; 'The Life & Death of Mr. Badmouth', PJ Harvey (2004)

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Música Para Sentir; 'The Life & Death of Mr. Badmouth', PJ Harvey (2004) Sangre. Sangre. Lave a sua boca suja. Mulheres tem raiva de quê? Mulheres sabem mais do que nós. Lábios envenenados e tempo acabando. Ficaremos todos sozinhos no final do mundo. Ninguém á quem culpar, ninguém á quem pedir perdão. Continue andando pela estrada sem fim. Tudo é sujo. Tudo é podre. E isso é tudo o que temos. Nosso veneno servido no café da manhã. Cicatrizes doloridas demais não podem ser esquecidas e você sabe porquê. Tudo é veneno. Tudo é perdição. Estaremos de mãos dadas quando tudo isso acabar. Minha pequena... Seu corpo é veneno. E sua boca é meu desejo. Não precisamos de nenhuma lua para iluminar e nenhum sol para nascer. A vergonha é amiga do nosso tempo. Sangre até acabar a vida. Doce e pequena. O amor mais profundo que a alma. Saiba do que fiz por você. Saiba quando o fogo acabar, que nós sempre fomos os mesmos bastardos. Tudo é veneno. Tudo é amor.

Discoteca Básica; 'Hooker 'n' Heat', Canned Heat & John Lee Hooker (1971)

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Discoteca Básica; 'Hooker 'n' Heat', Canned Heat & John Lee Hooker (1971) Aqui o blues não tem os tradicionais doze compassos. Trata-se de uma levada mântrica, hipnótica, que flui livremente ao sabor dos riffs de guitarra e das profundas modulações vocais de John Lee Hooker.   O inventor do boogie "de-uma-nota-só" foi para o blues de Detroit o que Muddy Waters e Howlin' Wolf representaram para o de Chicago. Como eles, vindo do Mississippi, Hooker partiu das raízes rurais para iniciar-se no processo de eletrificação do estilo que originaria o rock'n'roll. A essência da coisa toda já estava na interpretação/guitarra/footstomp e na expressividade da voz de Hooker sempre temperada com as tiradas sacanas das letras e os impagáveis "hey, heys" e "yac, yacs". Não é à toa que suas canções foram revisitadas por tantos: dos Stones e dos Animals até Nick Cave e Cowboy Junkies. A aproximação de Hooker com o rock vei

O Mundo Maravilhoso das Capas de Disco; 'Sticky Fingers', The Rolling Stones (1971)

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O Mundo Maravilhoso das Capas de Disco; 'Sticky Fingers', The Rolling Stones (1971) 'Sticky Fingers' é um ícone da cultura das capas de álbums. Se tornou quase tão famosa quanto a famosa ilustração 'Tongue & Lips', que acompanha a banda há  décadas. Recriando o conceito usado por Andy Warhol no álbum 'The Velvet Underground & Nico', de alguns anos antes, o disco trazia uma capa dupla que proporcionava uma espécie de 'interatividade' com o ouvinte. Se no primeiro, podíamos descascar uma banana, nesse abaixávamos um zíper das calças de Mick Jagger ,revelando (olhem só!) cuecas brancas por debaixo, assinadas por Warhol.   Obviamente, os Stones queriam forçar ainda mais sua reputação de bad boys, tendo a banda recusado várias outras propostas para a capa em prol da ideia de Warhol. Porém, curiosamente, a foto não é dele, e sim de Billy Name. E não, não era Jagger na foto. Não é certo quem era, mas presumidamente Jo

Música + Cinema; 'Some Kind of Monster', Metallica (2004)

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Música + Cinema; 'Some Kind of Monster', Metallica, de Joe Berlinger (2004)  Em um determinado episódio da série de desenhos The Simpsons, os personagens participavam de um concurso chamado How Low You Can Go, algo como "Quão baixo você pode ir". Não era uma exibição do melhor de cada um, mas do seu pior, do mais grotesco que cada pessoa podia fazer. Com Some Kind of Monster, o Metallica dá uma credencial de backstage para o público, mas também revela ser uma banda heavy metal nos níveis psicológico e pessoal.   O período abordado pelo documentário - da saída de Jason Newsted até os primeiros shows de lançamento de St. Anger - é o mais sombrio da carreira do grupo, mais delicado inclusive que a morte de Cliff Burton em 1986. Se lá era o auge do Alcoholica, observamos o nascimento do PsicologA. Toda a tensão acumulada em anos de estrada, bebida e música explode quando o processo de composição muda. Saem as letras de James Hetfield e entram versos

Discoteca Básica; 'In the Court of the Crimson King', King Crimson (1969)

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Discoteca Básica; 'In the Court of the Crimson King', King Crimson (1969) É noite de 3 de julho de 1969, e o corpo de Brian Jones, o inconformado fundador dos Rolling Stones, é encontrado boiando na piscina da sua mansão. O início do fim de uma era: dali a dois anos exatos, morreria também Jim Morrison, em sua banheira. E, entre os dois, Jimi e Janis...  De volta a 69. 5 de julho, Hyde Park, Londres. Realiza-se um show dos Stones (o primeiro em dois anos), marcado havia tempos, em homenagem a Brian. Seiscentos e cinqüenta mil fãs presentes. E, no entanto, quem rouba a cena é uma banda nova. Nem por isso menos pretensiosa. King Crimson, rei rubro de sangue, o som da nova era. Um som reflexivo, "autoconsciente", na definição do guitarrista, um certo Robert Fripp. Um sujeito que tinha sido cumprimentado pelo próprio Hendrix ("Toca aqui com a esquerda, cara, que é a mão mais próxima do meu coração") É após uma apresentação.  A Island

Músicas para sentir; 'Anarchy in the UK', Sex Pistols

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Músicas para sentir; 'Anarchy in the UK', Sex Pistols Jovens bem sucedidos. Dinheiro no bolso. Casa própria! Dono do nariz e de sí mesmo. Somos a contra-cultura! Temos defeitos? Pensamos demais? Quando ficamos velhos como nossos pais? Quando nossa revolução acaba? Quando nos tornamos obtusos? Do que serve ler Kafka? Do que serve entender poesia? O que tenho de interessante? Sou um velho perfeito! Sou jovem agora. Manias, doenças e neuroses são um badalo juvenil. Sou eterno! Minha ignorância é minha impulsão. Livre e cheio de gás. Pronto pra vida e pra esquecer que ela passa. Quero os dias todos para mim. Correr por eles. Sem saber para onde vou. Eu escolho não morrer.

Disco da Semana; '12 Memories', Travis (2003)

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Disco da Semana; '12 Memories', Travis (2003) Apesar de ser considerado 'Indie' por estas bandas, o Travis foi uma banda extremamente popular no Reino Unido entre o final da década de noventa e início dos dois mil. Em  '12 Memories' , quarto disco de estúdio dos  escoceses   é mais uma pepita pop, feita sob medida para o gosto do público britânico; Melodias assobiáveis, violões lindamente gravados e letras com teor 'fossa-pós-pé-na-bunda'. Parece conteúdo de banda de sertanejo? Bom, até é. Mas não se esqueçam que britânicos aprendem com  Beatles  e  Smiths , e brasileiros aprendem com  Caetano  e  Gil ... O disco abre com três singles fantásticos;  'Quicksand' , com sua levadinha, mais uma vez,  Beatles .  'The Beautiful Occupation' , numa melodia que até dói de tão bonita.  'Re-Offender' , mais uma oferenda aos deuses do pop. Nas demais, a banda oscila. Uam bela balada que já havia sido lançada ( 'Love W

Discoteca Básica; 'Megachic - The Best of Chic', Chic (1979)

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Discoteca Básica; 'Megachic - The Best of Chic', Chic (1979) Du-tu-ru-dum... não, não dá. Eu queria tentar descrever no papel uma linha de baixo do Chic, a coisa inacreditável que é, o que faz em você. Mas é inútil, só ouvindo. Vejamos, "Everybody Dance", por aproximação: uma jamanta acelerando, estacionada, para em seguida disparar em alta velocidade, passando por dentro de sua cabeça como um tiro, dar um cavalo-de-pau mais adiante e voltar com o mesmo impacto. E assim por diante. Como todo hit do Chic contido nesta coleção, a linha de baixo é um caso de polícia. O baixo gigante, com vida própria, nasceu nos 60, graças a dois fatores. Primeiro: James Brown - diminuiu a porcentagem de quase tudo - metais, guitarras - para um mínimo necessário em favor do ritmo bruto do baixo e da bateria. Segundo: Motown - inventou a linha independente de baixo. Repare, antes dela todo baixo corria juntinho com a batida como suporte. Ouça músicas como "You Can