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Discoteca Básica; 'Nightclubbing', Grace Jones (1981)

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Discoteca Básica; 'Nightclubbing', Grace Jones (1981) Grace Jones é um buraco negro no universo pop. Os mais variados projetos artísticos sucumbem à imensa força sedutora dessa mulher mais que fatal. Já estamos em outra dimensão: aqui só interessa as aparências, todas as atitudes são simuladas e a jogada de marketing tem mil vezes mais importância que qualquer vestígio de autenticidade. Grace Jones é um produto perfeito (ela canta: "Eu não sou perfeita, mas sou perfeita para você"), um personagem que usa e abusa da mídia para a felicidade geral de seus consumidores. Seus discos são absolutamente descartáveis e, por isso mesmo, geniais. O mérito da música pop não é a ousadia ou o experimentalismo, mas sim a busca de um lugar-comum ideal. Portanto, a discoteca foi o paraíso: repetição ad infinitum de uma mesma fórmula musical, levando ao delírio massas dançantes de todo o planeta. Nesse momento, Grace Jones saiu das passarelas de moda parisienses (também um ter

Descontruindo o Pop! Playlist 41; 'If I'm a smile, You'd be my face'

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Descontruindo o Pop! Playlist 41; 'If I'm a smile, You'd be my face'

Discoteca Básica; 'Tim Maia', Tim Maia (1970)

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Discoteca Básica; 'Tim Maia', Tim Maia (1970) O lançamento desse disco marcou o ano zero da música black no Brasil. Com seu álbum de estréia, aos 28 anos, Sebastião Rodrigues Maia abria um novo caminho para nossa música. Se João Gilberto havia adicionado elementos jazzísticos ao samba criando a bossa-nova, Tim incorporava o soul dos negros americanos. E fazia isso de maneira tão natural, brasileira e popular que a identificação de seu som com o grande público foi imediata e definitiva.  É verdade que a Jovem Guarda já flertava com o balanço dos hitmakers da gravadora Motown e o próprio rei Roberto Carlos gravou em 68 "Não Vou Ficar", o primeiro grande sucesso de Tim Maia como compositor. Porém, dois anos mais se passariam para que o país inteiro descobrisse que, além de ter muitos outros clássicos na cabeça, o cara cantava como ninguém jamais tinha conseguido deste lado do hemisfério e sabia exatamente como nivelar a música brasileira com o que havia de mais

Música + Cinema; 'Kurt Cobain - Montage of Heck', de Brett Morgen (2015)

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Música + Cinema; 'Kurt Cobain - Montage of Heck', de Brett Morgen (2015) (Torrent Download + Playlist) Poucos minutos antes de acabar,  Kurt Cobain: Montage of the Heck  dá aquela notícia que todo mundo preferia nunca ter lido:  "No dia 5 de abril de 1994, Kurt Cobain se suicidou" . Nada que ninguém ainda não sabia, mas depois de passar 132 minutos absolutamente mergulhados na alma, nos medos e na vida do  frontman  do  Nirvana , é impossível não ser afetado pela "notícia". Ao contrário de muitas biografias autorizadas, o documentário de  Brett Morgen , bancado pela  HBO  e exibido no  Festival de Berlim  depois de passar por Sundance, deixa  Kurt Cobain  contar sua própria história sem muito filtro. Nele, o espectador não se surpreende ao ouvir Courtney Love admitir ter usado heroína durante a gravidez, fica com raiva da madrasta que, apesar de relatar o quão visível era o desejo de Cobain em ter uma família, o colocou para fora de casa, e ri quan

Discoteca Básica; 'Everybody Knows This Is Nowhere', Neil Young (1969)

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Discoteca Básica; 'Everybody Knows This Is Nowhere', Neil Young (1969) Por estranho que pareça, um dos pilares do rock americano é o canadense Neil Young. Dono da conjunção voz/guitarra mais descarnada do rock'n'roll, ele sempre se manteve como um outsider, ao mesmo tempo fiel às raízes e franco-atirador nas mais diversas tendências. A revolta inerente ao trabalho de Young deveu-se em boa parte à sua origem. De compleição frágil e saúde precária (além de epilético e diabético, teve poliomielite aos seis anos), ele compensava o temperamento introvertido com a dedicação à música. Tocou em clubes folk de Toronto e com grupos como The Squires e The Mynah Birds (cujo cantor era Rick James!), do qual saiu - com o baixista Bruce Palmer - para ir a Califórnia, no início de 66. Consta que a dupla estava presa num engarrafamento em Los Angeles, quando topou com o carro onde estavam os guitarristas Stephen Stills e Richie Furay. Young já conhecera Stills há

Videodrome; 'Coffee & TV', Blur (1999)

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Videodrome; 'Coffee & TV', Blur (1999) Dirigido; Hammer & Tongs Como devemos assistir "Coffee & TV"? Como uma acusação dos problemas internos do Blur, entre o guitarrista Graham Coxon e o vocalista Damon Albarn? Ou é apenas um clipe legal de animação onde uma caixinha de leite se apaixona por uma caixinha de leite com morangos? Talvez seja um pouco de ambos. O vídeo dirigido por Hammer & Tongs (pseudônimo dos diretores Garth Jennings e Nick Goldsmith) é doce-amargo e fofo na medida certa. No vídeo, Coxon (que escreveu e canta a canção) deixa a banda para voltar para casa, como uma espécia de prenúncio do que viria acontecer pouco tempo depois, quando deixou a banda para se dedicar a sua carreira solo. E lembre-se; Assista até o final para ver o final feliz das caixinhas apaixonadas. Algo tão bobo e singelo, porém, inesquecível. Mais informações pt.wikipedia.org/wiki/ Coffee _%26_ TV

Desconstruindo o Pop! Playlist 47; 'True Beauty Never Smiles To The Camera'

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Desconstruindo o Pop! Playlist 40; 'True Beauty Never Smiles To The Camera'

Favoritas da Casa; Alt-J (Leeds, Inglaterra)

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Favoritas da Casa; Alt-J (Leeds, Inglaterra) Alt-J , também conhecida pelo símbolo delta  Δ  (que é a junção das teclas, se digitadas em um  Mac OS ) é uma banda de rock alternativo britânica. Formada em 2007, em Leeds, na Inglaterra, os integrantes se conheceram na universidade e, apesar de tanto tempo juntos, lançaram seu primeiro e por enquanto único álbum,  An Awesome Wave , só em 2012. O som da banda é incrível e bem peculiar, pois como tinham que ensaiar no quarto da universidade, não podiam fazer muito barulho. Então, eles abdicaram do baixo e do bumbo da bateria em algumas músicas, que normalmente aparecem em todas as bandas.  Alt-J  passa por vários estilos nas 13 faixas do CD, mas não deixa de manter o seu próprio. É o tipo de música que, se você ouvir no rádio, com certeza vai saber de quem é. No entanto, o motivo desse post e o que vai te deixar apaixonado por eles não é (só) o som, e sim as letras e todas as surpresas que elas trazem. Quer descobrir do que eu es

Discoteca Básica; 'The Stooges', The Stooges (1969)

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Discoteca Básica; 'The Stooges',  The Stooges (1969) Uma bomba de efeito retroativo, fora de lugar, fora do tempo. Começa num ritmo preguiçoso, a guitarra miando através do wah wah. "Alright!" Ritmo e guitarra adotam uma pulsação básica que se convencionou chamar de punk rock e pronto: "...Bem, é 1969, pra/ através dos USA/ é um outro ano/ para mim e para você/ outro ano sem nada para fazer..."  Ele, creditado na capa como Iggy Stooge, está furiosamente morrendo de tédio. Os outros três "Patetas" (Ron Asheton, guitarra; Dave Alexander, baixo; Scott Asheton, bateria) num esporro elétrico com a adrenalina de um Cro-Magnon que sente o bafo do mamute na sua cola.  Obviamente os "USA" de 1969 não estavam preparados para os Stooges.  P.S.: a influência histórica óbvia, os Ramones tirando o visual das fotos de capa e contracapa de The Stooges, os Sex Pistols tirando o som de "No Fun" e "I Wanna Be Your

Por que eu gosto de... Radiohead?

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Por que eu gosto de... Radiohead? Sim, este é mais um texto sobre o Radiohead. Sim, eu sou mais um dos milhões de admiradores de Thom Yorke e companhia. E sim, eles são a melhor banda do mundo. Ponto. O Radiohead é a melhor banda do mundo por infindáveis motivos. Maior, não. Não interessa para eles. É cafona demais querer ser o maior em algo. Querer ser o U2. Eles querem ser os mais inovadores, mais estranhos e, definitivamente, os melhores. Dentro do seu mundo, em órbita do resto de nós. Acompanhar a carreira do Radiohead é tão espetacular quanto acompanhar a carreira dos Beatles, ou ainda a de David Bowie, Roxy Music e outros artistas que se negaram a aceitar o que se espera deles. Thom Yorke fica inquieto quanto olha no espelho e não gosta do que vê. A banda começou em 1985, com o infame nome On a Friday (por causa do dia dos ensaios...), emulando Smiths, Talking Heads, Magazine e Joy Division. Era pequena demais para o tamanho do universo musical britânico. Esta