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Discoteca Básica; 'Astral Weeks', Van Morrison (1968)

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Discoteca Básica; 'Astral Weeks', Van Morrison (1968) Quando Sting partiu para sua carreira solo em 1985, trocando a formação de trio do police por uma grande banda composta por músicos de jazz, não estava sendo propriamente original. Na verdade, ele apenas repetia duas décadas depois, um procedimento utilizado pelo cantor e compositor irlandês Van Morrison, no LP "Astral Weeks". E mesmo a mistura do folk celta com a energia do rock e soul efetuada pôr grupos como Dexy's Midnight Runners, The Pogues e The Waterboys durante os anos 80 deve enorme tributo a este seu compatriota, que em 1963 fundou o grupo Them. Foi através do Them que Morrison exorcizou toda sua rebeldia adolescente, gravando entre 1965 e 66 clássicos da pré-história do punk como "Gloria", "Here Comes the Night" e "Baby Please Don't Go" (Big Joe Williams). Mas sua revolta e inconformismo foram exagerados a tal ponto pelos empresários e pela gra

Músicas para Salvar sua Vida; 'The Future', Leonard Cohen

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Músicas para Salvar sua Vida; 'The Future', Leonard Cohen Conheci Leonard Cohen através dessa música, em 1994, na trilha de um dos meu filmes favoritos, "Assassinos Por Natureza". Com sua voz cavernosamente sexy, Mr. Cohen canta sobre tudo, como um Deus-pagão. Uma alma perdida falando sobre um mundo em transformação; Give me absolute control over every living soul And lie beside me, baby,that's an order! Hoje, domingão estranho, de clima úmido e céu acinzentado, acordei, tomei café da manhã e lí um texto de um dos meus mestres da escrita, André Forastieri, em seu blog no portal R7. Nele, ao assistir um vídeo da empresa Productivity Future Visions mostrando uma perspectiva de um futuro próximo , onde a tecnologia irá integrar ainda mais nossa interação com ela e transformará trabalho e vida particular em uma só, André questiona essa visão de futuro limpo, branco e funcional. "Cadê o sangue, o suor, as lágrimas, a meleca?", pergunta ele, lembrando ain

As favoritas de... Thom Yorke (Radiohead) (3 playlists)

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As favoritas de... Thom Yorke (Radiohead) (+ Bonus Tracks) Se houver algo mais íntimo do que descobrir sua alma com uma letra, está convidando o mundo para sua coleção de discos. Ao longo dos anos, Thom Yorke nos concedeu os dois, dando uma olhada na psique de uma das figuras mais célebres e enigmáticas do rock moderno. Pode haver sites inteiros dedicados a decodificar suas palavras, mas quando se trata da música que faz Yorke marcar, podemos ir diretamente à fonte. O líder da Radiohead nunca foi tímido sobre revelar suas influências. Desde o OK Computer, que está comemorando 20 anos em 2017, e especialmente Kid A, ele está transformando os hackers de alt-rock em geeks de IDM, freaks de jazz e cabeças subterrâneas de hip-hop. Mas para compreender verdadeiramente como sua mente musical está conectada, não há nada como ver como ele pode juntar uma lista de reprodução ou, melhor ainda, uma festa de DJ. Ao longo da última década, parece que Yorke encontrou tanta emoção em

Discoteca Básica; 'Truth', Jeff Beck (1968)

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Discoteca Básica; 'Truth', Jeff Beck (1968) Swinging London, 1968. Em um cenário musical efervescente, dominado pelas cores psicodélicas dos Beatles em Sgt. Pepper's - lançado no ano anterior - e das guitarras delirantes de Hendrix e Syd Barrett, surge outra referência capital para os futuros rumos do rock: Truth, um disco com profundas raízes no blues e no soul, mas ao mesmo tempo embebido do espírito alucinado da época. A principal ferramenta utilizada para forjar o tesouro foi a guitarra paranoica de Jeff Beck. Autodidata, egocêntrico, pioneiro, temperamental, maníaco - muitos foram os adjetivos usados para tentar qualificar esse autêntico anti-herói da guitarra. Porém, todos eles acompanhavam um único substantivo: gênio. Tudo começou quando Beck - por recomendação de Jimmy Page - foi chamado para substituir Deus - ou seja, Eric Clapton, um dos mais conceituados guitarristas da época - nos célebres Yardbirds. Beck esteve no grupo por pouco tempo e, ao deixá-lo

Disco da semana; "No More Shall We Part" Nick Cave & The Bad Seeds (2001);

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Disco da semana;   "No More Shall We Part" Nick Cave & The Bad Seeds (2001); Oriundo da banda mezzo-punk performática britânica  Birthday Party , Nick Cave montou os  Bad Seeds  pra uma única coisa; Cortar corações.E aqui, ele alcançou seu ápice. "No More Shall We Part"  é um funeral. Carregado de climas soturnos e lúgubres, mas, ao mesmo tempo, românticos, singelos e  encandecestes   Parecem opostos? Pois nessa desconexão que o disco brilha. Como os olhos de um  vampiro , é verdade... Gravado depois de um iato de quatro anos do seu anterior, o ótimo  "The Boatman's Call" , todas as músicas tem uma sofisticação instrumental linda. Pianos, xilofones, violinos... Mas é na voz e nas letras de Cave que o arrepio começa. Já na abertura com  "As I Sat Sadly by Her Side" . Um relato de um homem ao lado da sua mulher morta. Pesado? Não! Então tente  "And No More Shall We Part" , a faixa-título, e tente não imaginar algo

Desconstruindo o Pop! Playlist # 13 : 'Don't believe in yourself, Don't deceive with belief. Knowledge comes with death's release'

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Desconstruindo o Pop! Playlist # 13 :  'Don't believe in yourself, Don't deceive with belief. Knowledge comes with death's release'

Discoteca Básica; 'Samba Esquema Novo', Jorge Ben (1963)

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Discoteca Básica; 'Samba Esquema Novo', Jorge Ben (1963) O Brasil do início dos anos 60 era um país de grande efervescência cultural, onde o folclore e as artes populares não haviam ainda sido condicionados em frascos de formol e serviam de matéria-prima para as novas gerações. Nesse caldeirão quente cabiam tanto a reinvenção do samba, com a bossa nova, quanto os primórdios da sensibilidade pop e rock'n'roll da jovem guarda. E durante décadas estes extremos - na época, ideologicamente inconciliáveis - só se tocaram na música de Jorge Ben. De nobre linhagem etíope, e musicalidade maturada na noite carioca, Jorge Ben trouxe para o samba pós-bossa um novo violão - tão original quanto o de João Gilberto. Foram os dois, aliás, mais Tom Jobim, os grandes artesãos do "samba híbrido", sincrético, desfolclorizado. Em comparação com a minuciosa dissecação harmônica de João Gilberto, o violão de Jorge Ben também fazia a festa nas síncopes e contratemp

Música + Livros; 'Tocando a Distância - Ian Curtis & Joy Division', de Deborah Curtis (1995)

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Música + Livros; 'Tocando a Distância - Ian Curtis & Joy Division', de Deborah Curtis (1995) (Leitura Online); Na manhã de 18 de maio de 1980, Deborah Curtis encontrou o marido (o casal estava se divorciando, mas os papéis não haviam sido assinados) enforcado na cozinha do casal em Macclesfield, cidade vizinha de Manchester. O último gesto do vocalista do Joy Division colocou ponto final em uma vida breve (ele tinha 23 anos) e Deborah tenta entendê-lo neste livro lançado originalmente em 1995 na Inglaterra. “Tocando a Distância” humaniza Ian Curtis ao mesmo tempo em que o mitifica. Segundo a esposa, Ian era ciumento e possessivo (ele fazia cenas quando ela usava roupas decotadas e saias curtas tanto quanto a proibia de conversar com homens e amigas de escola).  Deborah também questionava o conteúdo nazista da banda (“Joy Division era como os nazistas chamavam as prisioneiras mantidas vivas para serem usadas como prostitutas pelo exército alemão. (…) Era repugnante

Música + Cinema: 'Boyhood', de Richard Linklater (2014) + Playlist: 'The Beatles' Black Album', por Ethan Hawke

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Música + Cinema: 'Boyhood', de Richard Linklater (2014) + Playlist: 'The Beatles' Black Album', por Ethan Hawke Acho difícil pra caramba escrever sobre Boyhood. Em poucas palavras, ficarei bastante surpreso caso veja algo melhor nos cinemas em 2014. O filme foi produzido ao longo de 12 anos por Richard Linklater. Com os mesmos atores, ele contou 12 anos da vida de uma família, focando no crescimento de um dos filhos. Ele começa com o garoto aos seis anos, com os pais recém-separados, e segue até os 18. O ponto é que esse esforço todo do Linklater para filmar ao longo de mais de uma década é quase detalhe quando o filme é projetado. A passagem é tão sutil que as vezes nem lembramos que estamos vendo o tempo passar de verdade na tela. Foda demais. Quando o protagonista já tá lá pelos 15 anos o pai dele dá de presente para o garoto uma coletânea dos Beatles. O nome da mixtape presente no cd é Black Album e reúne as principais obras dos quatro Beatles após

Discoteca Básica; 'Suicide', Suicide (1977)

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Discoteca Básica; 'Suicide', Suicide (1977) Eles formavam um par esquisitão: Martin Rev (teclados) era um experimentalista que tivera lições formais com o beboper Lennie Tristano, enquanto Alan Vega (voz), de ascendência hispânica e polaca, se iniciara nas artes como escultor, criando peças apenas com os estilhaços de lâmpadas quebradas. Em 71, ano de ascensão de bitter sweet rock e da derrocada dos mega festivais pop, a lapidar frase "the dream is over" - que o ex-Beatle acabara de enunciar - parecia justificar a criação do Suicide: um pesadelo escuro como breu que no futuro tornar-se-ia o modelo para 99% das bandas ligadas à eletrônica (das brigadas tecno da década passada à entourage cyberpunk hoje entrincheirada no selo Wax Trax, todos, sem exceção, devem tributo à dupla). Naquela época, Vega vivia num ateliê em Manhattan - um lugar podre, aberto 24 horas por dia para um seleto bando de heroinômanos, bêbados e degenerados em geral. Um belo dia,

Disco da Semana; 'International Velvet', Catatonia (1998)

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Disco da Semana; 'International Velvet', Catatonia (1998) Você conhece alguma coisa do País de Gales? Gente famosa? Bem, conhece sim. Anthony Hopkins, Catherine Zeta Jones, Tom Jones... e.... bem, só. Na música O Manic Street Preachers e o Super Furry Animals... Mas em 1998, você poderia ter se apaixonado por uma banda de lá. Uma banda Pop; O Catatonia. Com melodias estridentes cantadas pela deusa cachaceira Cerys Mathews e um  instrumental  que misturava rock experimental com tradicionalismo celta, quase resultando numa espécie de Pato Fu, a banda tinha tudo para conquistar o mundo. Bom, pelo menos durante alguns meses isso aconteceu. E, bem... No mundo chamado Inglaterra. Com 'Mulder & Scully' e 'Road rage', os dois hits desse disco, a banda ensaiou uma invasão americana, que nunca aconteceu é claro. Mas o disco sobrevivia sem essas músicas, e isso é o que chamava a atenção Os lindos violões de 'Game On' e 'Johnny Come La

As Favoritas de... Eddie Vedder (Pearl Jam)

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As Favoritas de... Eddie Vedder (Pearl Jam) Pode-se acusar o Pearl Jam de várias coisas. Muita gente não gosta. Mas uma coisa que não se pode falar dos caras e, principalmente, do vocalista Eddie Vedder, é que eles tem mau gosto musical. Nessa lista, Vedder escala seus discos preferidos, surpreedendo muita gente. Aproveitamos e montamos uma playlist listando algumas músicas dos mencionados junto com alguns bonus tracks de canções que a banda fez versões ao vivo. Primeiro, a lista; 1. 'The Third Album', The Jackson Five 2. 'The White Album', The Beatles 3. 'Tommy', The Who 4. 'Road to Ruin', The Ramones 5. More Songs About Buildings and Food', The Talking Heads 6. 'Music and Rhythm', Vários Artistas 7. 'Daydream Nation', Sonic Youth 8. 'Insignificance', Jim O'Rourke 9. 'Thirteen Songs', Fugazi 10. 'Screaming Life/Fopp', Soundgarden 11. 'Mudhoney', Mudhoney