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Discoteca Básica; 'Roxy Music', Roxy Music (1972)

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Discoteca Básica; 'Roxy Music', Roxy Music (1972) "Muita gente descordará de que o Roxy Music tenha definido os anos 70; ao contrário, todos estarão de acordo com que a importância dos Beatles para os anos 60 tenha sido básica e radical. Não devemos estranhar. Os 60 foram anos de esperança, os 70, de confusão. Os 60, anos de unidades; os 70, anos de dispersão." Como Ramón de España - que o enunciou em um interessante livrinho sobre a banda (Ediciones Jucar, Madri, 82) -, acho que essa é a chave da compreensão da importância do Roxy Music para o rock contemporâneo. O conceito Roxy, tal como foi formulado por Bryan Ferry, ataca o nó cultural daquela década obscura em muitas das suas variantes: consumo versus arte, melodia versus ruído, saída pessoal versus solução coletiva. Bryan andou metido em uma escola de artes (foi aluno do pintor David Hamilton) antes de decidir que o rock era um suporte mais adequado para as suas aspirações estéticas. Descob

Descostruindo o Pop! Playlist # 51; 'Space ain't man's final frontier, man's final frontier is the soul...'

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Descostruindo o Pop! Playlist # 51; 'Space ain't man's final frontier, man's final frontier is the soul...'

Disco da Semana; 'Lianne La Lavas', Lianne La Havas (2020)

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Disco da Semana; 'Lianne La Lavas', Lianne La Havas (2020) Infelizmente, você não verá o nome de Lianne La Havas no topo das listas de melhores do ano, ela não faz o tipo de música que o crítico branco costuma elogiar, não é moderno o suficiente, nem retrô suficiente, é um disco em 1ª pessoa sem participações de rappers do momento ou cantoras pops. Assim como o gênio Michael Kiwanuka, maior cantor surgido nos anos 2010, a cantora inglesa Lianne La Havas vive numa espécie de limbo dentro da cultura preta que é vendida para pessoas brancas que precisam de ajuda para descobrir música pop. Entenda, não é uma crítica a você, leitor, caso ainda não tenha ouvido “Lianne La Havas” e sim uma constatação no que se refere ao mundo em que vivemos. Existimos em um mundo onde as coisas nos são apresentadas aos montes, quantidades absurdas de informação depositada nas redes sociais como caminhões de areia e que, por mais que tentamos, não conseguimos chegar ao fundo. Então, em algum momento d

Discoteca Básica; 'The Dark Side of the Moon', Pink Floyd (1973)

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Discoteca Básica; 'The Dark Side of the Moon', Pink Floyd (1973) Polêmico, este disco. Gravita entre a absoluta adoração de sues fiéis e a crítica não menos feroz dos seus detratores. É bom sinal. Será mesmo a Grande Obra de Roger Waters (baixo, vocal), Rick Wright (teclados), David Gilmour (guitarra, vocal) e Nick Mason (bateria)? Alguns poderão preferir "The Piper at the Gates of Dawn", de 1967, o primeiro LP da banda, quando seu líder era um louco iluminado e genial chamado Syd Barrett, ou ainda Ummagumma, de 1970, a soma definitiva do rock psicodélico. Quem sabe os mais de 20 milhões de cópias de "Dark Side..." vendidas no mundo inteiro e sua permanência por 630 semanas consecutivas nas listas dos mais vendidos da Bilboard - recorde absoluto - possam ratificar essa escolha. Mesmo que as más-línguas digam que muitos o adquiriram apenas para testar a estéreo-quadrifonia de seu equipamento de som... o que não deixa de ser um elogio, de certa forma.

Desconstruindo o Pop! Playlist # 50; 'If You Open a Window Sometime'

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Desconstruindo o Pop! Playlist # 50; 'If You Open a Window Sometime'

Discoteca Básica; 'Closer', Joy Division (1980)

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Discoteca Básica; 'Closer', Joy Division (1980) O Joy Division influenciou de maneira definitiva o rock da década de 80. A força de sua música consistia em resgatar o espírito soturno de preciosas antigüidades como Doors, Velvet e Stooges e aliá-lo ao som inovador feito por Bowie (na fase alemã) e Kraftwerk nos anos 70. Tudo isto dentro de um estilo próprio que, a princípio, lidava com elementos do punk, e depois evoluiu para uma espécie de antítese de heavy metal mesclada a sons sintetizados. Através de componentes sonoros "normais" e despojados, eles transformavam a soma de pequenas partes em um grande todo.  Ian Curtis (voz), Bernard Albrecht, ou Sumners (guitarra e teclados), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) jogavam a última pá de terra sobre o romantismo do rock. Não há resquícios de "paz, amor e esperança" nas letras de Ian Curtis. Elas são apenas observações sobre a condição humana em um mundo dominado pela miséria e o desespe

Desconstruindo o Pop! Playlist # 49; 'You knew I couldn't hold my words, even though I wanted to'

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Desconstruindo o Pop! Playlist # 49; 'You knew I couldn't hold my words, even though I wanted to' 

Discoteca Básica; 'Low', David Bowie (1977)

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Discoteca Básica; 'Low', David Bowie (1977)  "Low", lançado em 14 de janeiro de 1977, foi o primeiro disco da famosa "Trilogia de Berlim" que David Bowie fez em colaboração com Brian Eno e Robert Fripp, ex-membros do Roxy Music e King Crimson respectivamente. Os outros dois álbums são "Heroes", também lançado em 1977, e "Lodger", de 1979. O ano levante punk, 1977, foi fundamental para a história do rock. Mas David Bowie já pressentia, quatro anos antes dessa subversão explosiva, os sintomas da estagnação. Foi quando trocou a Inglaterra - onde reinava absoluto - pela América. Bowie chegou à América dando entrevistas nas quais chamou o rock de "música de gente burra". Anunciou sua adesão à carreira de ator e à soul music "plastificada" do sul dos Estados Unidos. Acabou sendo, portanto, um precursor da discothèque. Depois de dois anos do lado de cá do Atlântico, ele faz as malas e parte para B

Desconstruindo o Pop! Playlist # 48; 'Chew me out when I'm stupid'

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Desconstruindo o Pop! Playlist # 48; 'Chew me out when I'm stupid' 

Música + Cinema; Love & Mercy – The Life, Love and Genius of Brian Wilson, de Bill Pohlad

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Música + Cinema; Love & Mercy – The Life, Love and Genius of Brian Wilson, de Bill Pohlad  Este conto bifurcado de períodos distintos da vida do Beach Boy Brian Wilson funciona como dois filmes diferentes - dissonante melodias entrelaçadas em discórdia harmoniosa.  Na primeira parte, ficamos maravilhados com o retrato estranho de Wilson feito por Paul Dano, durante os anos sessenta, tão espetacular que nos perdemos até em encontrar quando é a voz de um e quando é a de outro, deslumbrado com a construção incrivelmente autêntica da aparência, parecendo até uma imagem de arquivo. Na segunda, com a caracterização de John Cusack para a versão oitentista de Wilson, me perguntei se toda aquela semelhança realmente importou. A metáfora de que um não era mais o outro me ocorreu. A  ficção de um conto sobre os últimos dias do triunfo do amor sobre o loucura e corrupção. Estas duas vertentes não se entrelaçam com facilidade, mas como os acordes contra-intuitivos e justapos

Discoteca Básica; 'From Nowhere', The Troggs (1966)

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Discoteca Básica; 'From Nowhere', The Troggs (1966) Com essa onda de dinossauros familiares e jurássicos, nada mais oportuno que lembrarmos um grupo inglês troglodita até no nome: eles mesmos, os Troggs, que começaram em 1965 - pois é, estão para completar 30 milhões de anos de bons serviços ao rock'n'roll - e sempre fazendo os Sex Pistols parecerem o Yes.  O nome Troggs ("troglodytes") não poderia ser melhor: nenhum outro grupo reuniu tão bem a simplicidade primal, a garra e a espontaneidade, nem apresentou uma trilha sonora tão eficiente para a satisfação dos (usando outra expressão em voga por aí) "básicos instintos". Reg Presley, vocalista e principal compositor dos Troggs (além de ex-baixista e pedreiro!), sempre manifestou em relação às melhores a filosofia de Baby Sauro: se não é a mamãe, precisa me amar! Só que o sexismo de Reg soa de uma pureza bem diferente do machismo cego de Jagger, Lennon no início ou Zappa no final. Quando

Desconstruindo o Pop! Playlist 47; 'You're not alone, waiting by the telephone'

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Desconstruindo o Pop! Playlist 47; 'You're not alone, waiting by the telephone'

Discoteca Básica; 'Os Mutantes', Os Mutante (1968)

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Discoteca Básica; 'Os Mutantes', Os Mutante (1968) A conhecida "falta de memória nacional" nada mais é do que a falta de disposição, compreensão e competência das instituições - desde o governo até a imprensa especializada - em apoiar a produção e a preservação da cultura brasileira. Não é à toa que muita gente busca no rock americano ou inglês a sua fonte única de inspiração e conhecimento, enquanto as pérolas da MPB permanecem no esquecimento. "Que pérolas?", pergunta o leitor, atarantado. Pois é. A MPB está na pior - não temos qualquer música vital, forte ou espirituosa. Mas há vinte anos não era assim. Houve a bossa nova, a tropicália (anote aí: "bossa nova" não é uma invenção da vanguarda londrina), coisas que poderiam dar um forte impulso ao rock nacional, em sua busca de identidade. Realmente, não é justo que só a tal "geração AI-5" tenha conhecido o primeiro LP dos Mutantes, lançado em 68... eis as pérolas!

Desconstruindo o Pop! Playlist 46; 'All it takes is one bad day to reduce the sanest man alive to lunacy'

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Desconstruindo o Pop! Playlist 46; 'All it takes is one bad day to reduce the sanest man alive to lunacy';

Música + Cinema; Três documentários... Três bandas

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Música + Cinema; Três documentários... Três bandas Documentários são sensacionais. Ponto. É a história contada realisticamente, porém, sempre, obviamente, com um ponto de vista. E documentários sobre musica, pra mim, são sempre mágicos. E aqui estão três exemplares deles. "Rush - Beyond The Lighted Stage" (de Sun Dunn e Scott McFayden, 2010)  Há algum tempo atrás, li uma resenha sobre esse documentário escrita pelo André Barscisky e seu blog onde ele conseguiu resumir exatamente o lado legal desse filme; O Rush, banda que sempre foi esculhambada pelos críticos, fez um documentário tentanto provar o quão cool eles eram. Só que na cena final, onde vemos a banda tocando para uma platéia lotada e entusiasmada quase 35 anos depois de terem começado, o cenário o palco eram vários fornos para assar frango (?!?!?!). Ou mais conhecidos como "Televisão de Cachorro". Mesmo quando a moda era ser meio brega, o Rush conseguia ser além do brega. Fez discos c