Desconstruindo o Pop! Discos de 2012





01. 'Boys and Girls', Alabama Shakes

Do neo-soul rasgado que escorre dos vocais incomparáveis de Brittany Howard e pelo blues rock setentista das guitarras do duo Brittany/Heath Fogg, tudo faz parte de produção musical desse nosso presente revivalista, claro, temperado por uma nostalgia que transita entre o repetitivo e o sublime. Há durante todo o álbum uma marca da herança de heróis como Led Zeppelin, Otis Redding, Sly & Family Stone e até AC/DC. Uma trombada entre Jack White e Amy Winehouse. Um disco delicioso.







02. 'Caravana Sereia Bloom', Céu

Esse constante posicionamento entre o passado e o presente faz com que as engrenagens do disco se movimentem de forma dinâmica e envolvente, com Céu, as histórias que a acompanham e os versos que ela constroi servindo como o grande combustível para o registro. Caravana Sereia Bloom é um convite a um passeio romântico, nostálgico e macambúzio, um misto de sensações empoeiradas, mas que ao receberem um simples sopro acabam se revelando tão novas quanto foram em outras épocas.







03. 'Lonerism', Tame Impala

Dotado de uma maturidade particular, o trabalho mantém até o ecoar da última faixa a proposta de um som que mesmo sério se permite hipnotizar o grande público com leveza. O álbum mantém firme a proposta de olhar para o que foi produzido no passado e retratar isso com novidade, com os pés bem fixos no presente. 







04. 'Bloom', Beach House

O “florescer” que se manifesta no título do trabalho atua de maneira coerente com o que o casal desenvolve ao longo do disco, um projeto que absorve a luz vinda de diversas referências (incluindo algumas próprias do Beach House) e converte em algo novo, permeado por boas guitarras, arranjos instrumentais límpidos e o mesmo conjunto de versos melancólicos e intimistas que o duo desenvolveu há alguns anos para nos enfeitiçar. 






05. 'An Awesome Wave', Alt-J

Com uma infinidade de formas e gêneros, que não são arremessados ​​juntos, mas entrelaçados com a mesma precisão de um quebra-cabeças. O termo "folkstep" foi inventado para descrevê-lo, mas falha em transmitir a amplitude do que está acontecendo. Eletrônica, jazz, dubstep, metal e folk entraram no pote e se viram atraídas por novas formas interessantes por uma banda que está simplesmente curiosa para ver o que acontece. Se algum dia Heston Blumenthal fosse solto em um estúdio de gravação, ele provavelmente criaria algo assim.





06. 'Sun', Cat Power

Principalmente para os velhos seguidores da cantora, Sun é um trabalho que exige tempo até se revelar por completo – ou parcialmente com maiores efeitos. Ainda que algumas bases sejam as mesmas dos memoráveis trabalhos que caracterizaram a atuação da artista entre o fim dos anos 90 e o início da década seguinte, quanto mais nos aventuramos pelo disco, mais Marshall mostra o quanto evoluiu como cantora, letrista e até como produtora. Por mais que o registro demore em surtir efeito, quando desvendado torna-se praticamente impossível se desvencilhar das amarras sonoras e poéticas que a cantora trama no interior dele. O sol brilha forte no novo álbum de Cat Power, mesmo que algumas nuvens tentem bloquear isso.






07. 'The Only Place', Best Coast

Um disco que nos remete a importância da simplicidade e do poder da melodia. Bethany Cosentino canta com o coração na garganta enquanto as natureza doce das canções acalmam a alma.







08. 'Banga', Patti Smith

Com letras que podem causar inveja a muitos poetas, Banga* surge pra quebrar o silêncio de oito anos de Patti Smith. Cheio de passagens surreais e traços folk, o disco prova ter a mesma força de seu irmão mais velho, Horses, de 1975.







09. 'Blunderbuss', Jack White

"Blunderbuss" transforma Jack White de um ícone do indie e do rock alternativo em um músico muito maior, com uma amplitude gigantesca, capaz de atingir os mais variados públicos. Uma espécie de Willy Wonka da música, um gênio apaixonado e totalmente comprometido com a sua arte. Este é Jack White, um cara cuja carreira todo mundo que é apaixonado por música deveria acompanhar de perto.






10. 'Is Your Love Big Enough?', Lianne La Lavas

Eu me vi em uma guitarra de segunda mão", canta a cantora londrina Lianne La Havas na faixa-título de seu álbum de estréia. Isso não é conversa fiada. La Havas, de apenas 22 anos, é natural de usar seu som acústico de seis cordas e seu ronronar rouco para criar músicas que se destacam entre categorias: parte neo-soul ao estilo de Bill Withers, parte folk indie no estilo Bon Iver, com batidas mais marcantes do que você esperaria e bem-vindo desvios para o luxuoso quarto de Sade. Há surpresas: acordes de jazz que se infiltram em baladas folclóricas invernais; itens que funcionam como ameaças. As letras são de romance conturbado, mas a música legal, bonita e habilmente arranjada lava sobre você como uma onda de cura.



Menções honrosas;

'Coexist', The XX
'Wrecking Ball', Bruce Springsteen
'Tramp', Sharon Van Etten
'Mirage Rock', Band of Horses
'Shields', Grizzly Bear
'Tempest', Bob Dylan
'The Haunted Man', Bat for Lashes
'Old Ideas', Leonard Cohen
'Heaven', The Walkmen
'Jake Bugg', Jake Bugg

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