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Mostrando postagens de junho, 2017

Disco da Semana; 'Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit', Courtney Barnett (2015)

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Disco da Semana; 'Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit', Courtney Barnett (2015) O ano é 1995. No campo da música, o grunge dá seus últimos suspiros, deixando o caminho livre para o duelo “pomposo” do Britpop entre Blur e Oasis. Depois de meia década de “domínio masculino” dentro das rádios, programação da MTV e revistas de música, um time de vozes femininas – inspiradas por PJ Harvey, Kim Deal e Liz Phair – começaram a ocupar território. De Alanis Morissette ao trabalho da islandesa (e já veterana) Björk, dos gritos de Gwen Stefani no No Doubt aos berros de Shirley Manson na estreia do Garbage, há 20 anos, todos os holofotes se voltaram para elas. Curioso perceber que mesmo passadas duas décadas desde a explosão de novos representantes do “rock feminino”,  Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit , estreia solo da australiana Courtney Barnett, ainda preserva parte da mesma essência de músicas lançadas durante o período. Versos temperado

Discoteca Básica; 'King of the Delta Blues Singers ',Robert Johnson (1998)

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Discoteca Básica; 'King of the Delta Blues Singers  ', Robert Johnson  (1998)    No quarto de um hotel de segunda, em San Antonio, Texas, o garoto negro, alto, magro e elegante senta-se voltado para a parede, um enorme microfone à sua frente, o violão de aço National-Steel sobre o joelho. Um fio corre pelo chão de madeira até o outro quartinho, onde, concentrados, atentos, maravilhados, dois homens brancos de meia-idade manipulam pesados gravadores de rolo. Faz frio, uma fria noite de novembro de 1936.  Olhos fechados, o garoto toca - alguém na sala de controle comenta que não é possível: deve haver mais alguém com ele no quarto. Como é que estamos ouvindo acompanhamento e solo ao mesmo tempo? Mais que isso - que tristeza, que tristeza infinita, que doçura angustiada nessas cordas. O garoto canta, uma voz aguda e ligeiramente fanhosa, e a primeira impressão é de transe, trânsito, fuga, como capturar o vento. Depois, abre-se um universo escuro, um poço das ma

Músicas para salvar a sua vida; 'A Design for Life', Manic Street Preachers (1995)

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Músicas para salvar a sua vida; 'A Design for Life', Manic Street Preachers (1995) (James Dean Bradfield, guitarrista e vocalista) No início de 1995, nós fomos para um lugar chamado 'The House', no interior das florestas do Inglaterra,  para gravar demos. Richey [Edwards], o nosso letrista e guitarrista, queria continuar com a escuridão do nosso álbum anterior, 'The Holy Bible', mas o resto de nós sentimos que seria cair na caricatura. Nós queriamos respirar um pouco mais. Mas não havia nenhuma tensão, sem brigas. Depois, eu e Richey voltamos para Londres. Iriamos para a América no dia seguinte, mas ele desapareceu. No primeiro mês, você ainda está esperando notícias, então você percebe que algo aconteceu. (Richey é agora dado como morto).  Após o terceiro mês, alguem disse: "Olha, vamos entrar em um quarto juntos como uma banda e não como amigos, e ver o que a dinâmica é como sem Richey." Escrever uma canção como 'A Design

Favoritos da Casa; The Velvet Underground (Nova Iorque, USA)

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Favoritos da Casa; The Velvet Underground  A história do Velvet Underground é uma das mais singulares da música. Banda de Art rock, no início dos anos sessenta, ela foi apadrinhada pelo artista plástico Andy Warhol, que a transformou na sua trilha sonora viva. Vendeu pouco e foi muito pouco reconhecida na época. Porém, que ouviu/assistiu, principalmente os futuros artistas, mudaram sua visão sobre o que faziam. Uma dessas pessoas foi David Bowie, como citado na sua biografia escrita por Mark Spitz, até tremeu ao conhecer Lou Reed, cérebro por trás do VU.  A banda lançou três discos seminais e puf,  desapareceu. Entre algumas indas e vindas desde os anos setenta, Lou Reed e John Cale desenvolveram carreiras solo sensacionais. A apadrinhada Nico também. Porém, nada se igualou ao que eles produziram juntos nos anos sessenta e setenta. 'The Velvet Underground & Nico', de 67 é um clássico (logo mais, na nossa sessão discoteca básica); 'Wh

Música para sentir; 'Everything In Its Right Place', Radiohead (2000)

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Música para sentir; 'Everything In Its Right Place', Radiohead (2000)   Precisamos saber com certeza se temos alguma coisa. Voltar para o lugar onde somos queridos. Algo real, tanto quanto ruim. Pular no tempo, sem sair do lugar. Sim, eu sei o que é ter algo... E também sei o que é sentir falta de algo que não se tem... A vida é repetitiva... Imita a si mesma. Eu quero voltar... Eu quero voltar... Para onde mesmo? O chão frio que não conforta. O dia claro que não ilumina.

Discoteca Básica; 'Black Sabbath', Black Sabbath (1970)

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Discoteca Básica; 'Black Sabbath', Black Sabbath (1970) No início de 70, um então desconhecido quarteto da cidade inglesa de Birmingham chocaria a Europa ao gravar um álbum que ultrapassava todas as fronteiras da brutalidade sonora que eram conhecidas até então. Muitas bandas já tocavam alto na época: The Who, Cream, Deep Purple, Led Zeppelin e o pré-punk de Detroit (The Stooges e MC5). O heavy do Black Sabbath, no entanto, era diferente - mórbido, cruel, demoníaco. Enquanto o psicodelismo dos hippies ainda ecoava por todo o mundo e o rock progressivo passava por seu período mais promissor, o vocalista Ozzy Osbourne declarava: "Nossa música é uma reação a toda essa babaquice de paz, amor e felicidade. Os hippies ficam tentando te convencer de que o mundo é uma maravilha, mas é só olhar ao redor para ver em que merda nós estamos." Ozzy tinha todas as razões para reclamar da vida: teve uma infância pobre e passou boa parte de sua adolescência trancado nas ca