Favoritos da Casa; Otis Redding (Dawson, Geórgia, USA)


Favoritos da Casa; Otis Redding (Dawson, Geórgia, USA)

Algo velho pode ser novo. 

Aliás, tudo pode ser novo aos olhos de um desconhecedor. Otis Redding algo novo para mim duas vezes; Na primeira, nos idos de 99, descobri a Soul Music e, entre Marvin Gaye, Al Green e Aretha Franklin, estava Otis. Tive um período intenso no início da década passada mergulhado nos clássicos. E na segunda vez que me apaixonei por ele, foi há três anos. Redescobri sua voz sob o luar da paixão e da solidão pós-trinta.

Otis Redding não é um cantor de Soul comum  Primeiro, porque não é doce. Não é meigo. Mesmo quando canta "Try a Little Tenderness", talvez, seu maior clássico, sua ternura é amarga e forte. Como se algo estivesse escondido. Como se em um grito, tudo pudesse mudar. E ao final da canção, realmente muda.
Otis nasceu em 1941 e morreu bruscamente em 1967 em um acidente de avião que também levou sua banda, os Bar-Kays. Sua morte foi tão abrupta que "Sittin' On a Dock Of a Bay", outro clássico, só fez sucesso um ano apos sua morte.

Começou a carreira aos quinze anos, fazendo backing vocals para a banda de apoio de Little Richard, o Upsetters. Depois, trabalhou como roadie e motorista para os Pinetoppers. Depois de algumas pequenas gravações como Otis and the Shooters, ele compos "These Arms of Mine" no início de 62. Novamente trabalhando como motorista para os Pinetoppers, ficou perambulando pelo estúdio enquanto as sessões aconteciam, e, ao final, pediu se poderia mostrar alguma de suas canções. Junto, estava Steve Crooper, dos lendários Booker T & The MG's. Na hora, de tão boas, as faixas foram gravadas. Jim Stewart, fundador da lendária Stax Records, berço do Soul de Chicago, estava por lá e lançou o single. Boom. 800,000 cópias vendidas. O resto é história.

A música de Otis escapa do cliché básico da Soul dos anos sessenta. É suingada, mas não é paródia. É para amar e para se fazer sexo também. É boba e ao mesmo tempo contemplativa. São dele canções como "Respect", que ficaria famosa na voz de Aretha Franklin, "Hard To Handle", outra que ficou famosa mais tarde, com o Black Crowes nos anos noventa.

O que eu amo a respeito de Redding é a força de sua voz. Ela é gutural e suave ao mesmo tempo. Cresce a cada audição, quando ouvimos sua nuances e suas fragilidades. Sua música é carregada de uma energia que os americanos gostam de chamar de uplifting. Te eleva. Te carrega para outro lugar.


Otis não tinha medo de 
transcender e pisar no território da música branca; Não empacou em canções gospel (até porque, pela sua curta carreira, não teve tempo para isso) e cruzou a fronteira do Rock'N'Roll, gravando covers de Rolling Stones ("Satisfaction") e Beatles ("Day Tripper").


Ouví-lo cantar ao vivo, como é de praxe entre os grandes do R&B é outra história; É um êxtase. Todas as vezes que ponho seu "Live In Europe" para ouvir (na minha velha vitrola), não consigo parar de sorrir.



Mais informações;

pt.wikipedia.org/wiki/Otis_Redding

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