Discoteca Básica; 'Proud Mary: The Best of Ike & Tina Turner', Ike & Tina Turner (1991)





Discoteca Básica; 'Proud Mary: The Best of Ike & Tina Turner', Ike & Tina Turner (1991)

Está certo que o Ike Turner foi um péssimo maridão e sua ficha incluia várias estadias em prisões do estado da Califórnia por consumo e tráfico de cocaína. Em compensação ele foi o homem que gravou em 51 - com apenas 20 anos! - o primeiro disco de rock'n'roll da história ("Rocket 88") junto a banda Kings Of Rythm. Foi quem descobriu e lançou aquela mulher, quem montou um dos shows mais tórridos dos anos 60 - em competição direta com James Brown - e gravou os 23 singles que compõem essa coletânea indispensável. Assim, ele não pode ser de todo ruim. 



Basta uma rápida olhada na biografia de Ike e Tina Turner para sacar como os produtores de Hollywood estavam dormindo no ponto. E até mesmo o recém-lançado filme "What's Loves Go To Do With It", não deve dar conta da história desse casal que começou do nada , que virou lenda e que acabou em ópera bufa.

Nos 17 anos que atuaram juntos, Ike e Tina não mostraram talentos excepcionais de compositores. Ele, um pianista e guitarrista autodidata que começou tocando com B.B. King, Howlin' Wolf e Johnny Ace, foi um arranjador de primeira grandeza e um produtor musical irregular. Ela, o vulcão que todos conhecem, até hoje talvez a única cantora negra capaz de rivalizar com Aretha Franklin.


Editada em 91, esta coletânea é por enquanto o melhor registro disponível da trajetória musical do casal. Começa com os sete primeiros singles (registrados de 60 a 62): de "A Fool In Love" a "You Should'a Treated Me Right". Eles flagram em gravações mono a transição do rhythm'n'blues para o soul.

Ficam entre parênteses os anos de turnês intermináveis de Ike And Tina Turner Revue, um período marcado por trocas frequentes de gravadoras, por singles raros e pelo "episódio Phil Spector", quando o famoso produtor "alugou" a voz de Tina a peso de ouro (por 20 mil dólares) em 66, para gravar. "River Deep, Mountain High" - que se tornou um grandioso fracasso de vendas.

A seleção pula direto de 62 até 69 e pega fogo instantaneamente na fusão soul/rock, sintetizadas nas fantásticas versões de canções dos Beatles ("Come Together"), dos Rolling Stones ("Honky Tonk Women"), de Sly And The Family Stone ("I Want To Take You Higher"), do Creedence Clearwater Revival ("Proud Mary") e The Who ("Acid Queen" da ópera-rock Tommy, que foi levado às telas com a própria Tina no papel da "rainha do ácido"). Não é exagero dizer que todas elas conseguiram superar as versões originais e nesta compilação foram intercaladas por preciosidades do calibre de "Nutbush City Limits" e outras jóias obscuras.

No fundo a história do caso Ike e Tina Turner levanta a seguinte dúvida: o fato de realizar obras de arte relevantes pode redimir um criminoso drogado que espancava e aprisionava sua mulher? 

Você decide... Mas antes de tudo, escute este disco. 

Jean Yves de Neufville (Revista Bizz, Edição 97,Agosto de 1993) 



Tracklist;

  1. "A Fool In Love" (mono)
  2. "I Idolize You" (mono)
  3. "I'm Jealous" (mono)
  4. "It's Gonna Work Out Fine" (mono)
  5. "Poor Fool" (mono)
  6. "Tra La La La La" (mono)
  7. "You Should'a Treated Me Right" (mono)
  8. "Come Together"
  9. "Honky Tonk Women"
  10. "I Want To Take You Higher"
  11. "Workin' Together"
  12. "Proud Mary"
  13. "Funkier Than A Mosquito's Tweeter"
  14. "Ooo Poo Pah Doo"
  15. "I'm Yours (Use Me Anyway You Wanna)"
  16. "Up In Heah"
  17. "River Deep - Mountain High"
  18. "Nutbush City Limits"
  19. "Sweet Rhode Island Red"
  20. "Sexy Ida (Part 1)"
  21. "Sexy Ida (Part 2)"
  22. "Baby Get It On"
  23. "Acid Queen" (Tina Turner solo)
  24. 1970 Liberty Turner (radio spot)
  25. Come Together (radio spot)


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