Favoritos das Casa; Roxy Music (Londres, Inglaterra)


Favoritos das Casa; Roxy Music (Londres, Inglaterra)

O Roxy Music é uma das bandas mais sensacionalmente cafonas e criativas da história da música. 

Tudo começou com o estudante de arte Bryan Ferry, em 1970. Recém demitido de uma escola onde ensinava cerâmica (?!?!), ele resolveu juntar alguns músicos para montar um tipo diferente de banda. Uma que colocava o visual e a interpretação cênica em primeiro lugar. “Fazer música como se pintava quadros”, como diz no documentário o tecladista Brian Eno.  Junto dos dois “Brians” estavam o guitarrista Phil Manzanera, o baixista Graham Simpson, o baterista Paul Thompson e o saxofonista Andy Mckay, formação já fora dos padrões do rock feito na época, onde Hippies psicodélicos criavam o rock progressivo e o Hard Rock começava a estourar, com Led Zeppelin e afins. 

Em seus dois primeiros discos, “Roxy Music”, de 1972, e “For Your Pleasure” de 1973, a banda desenvolveu um som único, impossível de ser classificado se observarmos do ponto de vista da época; Pré-Disco, pré-Glam Rock e pré-Punk Rock. Sim, o Roxy Music influênciou esses três gêneros. E muito!


Um dos atrativos do documentário citado acima  é, já de cara, vermos Bono, do U2, resumindo como foi assistir a apresentação da banda no programa “Top Of The Pops”, em 1972, tocando a clássica “Virginia Plain”; “Imagine que você é um adolescente do norte de Dublin e alguns alienígenas chegassem na TV”. Era um pedaço da Pop-Art de Andy Warhol viva, ali, no meio da careta sociedade britânica da época.

No documentário, produzido pela BBC, vemos, além de Bono, gente como Steve Jones (ex-guitarrista dos Sex Pistols), Siouxie Sioux (ex-vocalista do Siouxie & The Banshees), Andy Taylor (baixista do Duran Duran), gente do Human League, Goldfrapp e Chic simplesmente ovacionando os caras. Reparem que eu mencionei gente de estilos musicais completamente diferentes. Isso é o que, em dois discos, o Roxy Music conseguiu fazer. Não existia nada fora do lugar; Música, arte, letra, conceito, moda… Tudo estaria perfeitamente encaixado hoje em dia se fosse necessário. “Há personagens e cenas. É como “Casablanca”!” diz Bono no documentário.

Até as capas da banda eram diferentes. A idéia, segundo Ferry, era trazer um universo sexy que não era visto no mundo Pop.

 
Dessa fase, músicas como “Bitters End”, “Ladytron”, “2HB”, “Do The Strand”, “In Every Dream Home a Heartache” e, claro, a melhor de todas, “Virginia Plain”, simplesmente soam atemporais. 
Ainda em 73, Brian Eno deixou a banda, o que os libertou para um caminho mais Pop. Eno, com seu jeito cerebral de fazer música, impedia que a banda chegasse a plenitude de sua capacidade popular. Se por um lado era o gênio que compartilhou com Bryan Ferry todo o conceito artístico inicial, os dois dividiam também o controle criativo e, naquele momento, os caminhos se separaram.

Nos três álbuns seguintes, “Stranded”, também de 1973, “Country Life”, de 1974 e “Siren”, de 1975, a banda gerou uma mini-beatlemania na Inglaterra. A banda passou de estranha e conceitual a uma das fábricas de hits da década; “Street Life”, “A Song For Europe”, “All I Want Is You”, “The Thrill Of It All”, “Bitter-Sweet”, “Both Ends Running” e a maior de todas, “Love Is The Drug”. 

A banda se separou no final da turnê em 1975 e se dedicou a uma série de projetos solo, mas quando voltou a se reunir para mais três discos (“Manifesto”, de 1979; “Flesh and Blood”, de 1980; e “Avalon”, de 1982), o som da banda passou a ser influenciado pelo o que eles haviam inspirado em primeiro lugar. A música passou a ser mais dançante e menos preocupada com experimentação. As faixas dessa época, como “Trash”, “Angels Eyes”, “Dance Away”, “Over You”, “Avalon” e, especialmente, “More Than This”, fizeram a banda emplacar nos Estados Unidos, pavimentando uma bem sucedida carreira solo de Bryan Ferry durante todos os anos oitenta, com as clássicas “Slave To Love” e “Don’t Stop The Dance”, que podem ser ouvidas na rádio cafona mais perto de você (rss).


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